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Advogados do caso Bruno investigam perfil dos jurados

A uma semana do julgamento, acusação e defesa estudam os 25 selecionados para compor o júri. Sete deles serão escolhidos por sorteio, três podem ser descartados

Por Pâmela Oliveira
12 nov 2012, 19h35

A uma semana do início do julgamento do goleiro Bruno Fernandes, acusado de matar a jovem Eliza Samudio, os advogados de defesa e acusação dedicam-se, no momento, a estudar o perfil dos possíveis jurados. O trabalho se concentra sobre as 25 pessoas sorteadas entre os inscritos para participar do júri. Sete delas serão definidas em um novo sorteio, no dia do julgamento. Defesa e acusação podem dispensar até três dos selecionados – para, então, ser feita uma nova escolha aleatória. Os nomes dos sorteados foram publicados no Diário Oficial do Estado de Minas Gerais. A lista também está afixada na secretaria do Tribunal do Júri do município de Contagem, na região metropolitana de Minas.

Zanone Manoel de Oliveira, advogado de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, réu acusado de ter matado e desaparecido com o corpo de Eliza, explicou que os criminalistas analisam alguns critérios antes da escolha, principalmente aqueles com mais experiência. “Eu por exemplo, dispenso profissionais da saúde, da quadro de reserva ou da ativa das Forças Armadas ou de segurança pública. Essas pessoas são avessas a qualquer acusação de assassinato e já chegam com opinião formada, sem darem chance à defesa”, disse Zanone.

Segundo o advogado, vítimas de agressões também não devem ser escolhias, pois há a tendência de julgar considerando as emoções, mais que a razão. Para quem representa acusados de crimes de grande repercussão, como Zanone, pessoas que se declaram evangélicas têm grande valor no júri. Isso se deve ao fato de as religiões evangélicas acreditarem sobretudo na “justiça de Deus”, e não na que é feita pelos homens. Diante disso, para um jurado evangélico, vale conduzir as defesas no tribunal para que haja dúvida sobre a ocorrência do crime. “Caso haja dúvida do envolvimento do réu ou se o crime aconteceu, os religiosos preferem não condenar ou se abster do voto”, disse o criminalista.

Os promotores e assistentes de acusação do caso Eliza Samudio também se dedicam a esse trabalho de investigação – uma praxe dos júris, mas pouco conhecida da população. Diferentemente das audiências comuns, no tribunal do júri o magistrado preside as sessões em que acusação e defesa tentam convencer integrantes da sociedade sobre a culpa ou inocência dos réus. É para os jurados que os advogados montam suas teses, e para eles vão representar em suas explanações no tribunal.

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“Tenho o hábito de investigar todos os convocados. Quero saber se têm filiação partidária, se têm religião, no que trabalham, que tipo de vida tiveram. É lícito, normal. Advogados experientes procuram fazer esse tipo de investigação em um julgamento desta natureza. É praxe”, afirma o advogado Paulo Ramalho, que defendeu o ator Guilherme de Pádua, condenado pelo assassinado da atriz Daniela Perez, morta em 1992.

“Nos Estados Unidos, os advogados do júri costumam gastar alguns milhões de dólares com esse tipo de pesquisa. Contrata-se gente especializada para fazer esse trabalho. O que não se pode é invadir a privacidade da pessoa”, diz Ramalho.

Segundo o especialista, a internet atualmente ajuda nos levantamentos, mas a pesquisa na cidade onde moram os possíveis voluntários é fundamental. “Se eu estivesse na defesa, por exemplo, evitaria pessoas que têm conflitos familiares, que tiveram gravidez indesejada na família ou que parecem muito influenciáveis. Isso, no entanto, nem sempre é fácil de apurar. Há sinais mais fáceis de mapear. Por exemplo, se você descobre que o possível jurado passou a vida inteira brigando com uma mulher sobre reconhecimento de paternidade, isso certamente não é bom para a acusação do caso Bruno”, exemplifica Ramalho.

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