Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

A vida secreta de Roger Abdelmassih no Paraguai

Mansão em bairro rico, carros luxuosos, restaurante VIP e caminhadas diárias no parque: no Paraguai, um dos fugitivos mais procurados do mundo levava uma vida de regalias com a falsa identidade de Ricardo Galeano

Por Jean-Philip Struck, de Assunção, com imagens de Ivan Pacheco
20 ago 2014, 17h35

Roger Abdelmassih, um dos fugitivos mais procurados do mundo, levava uma vida discreta e cercada de luxo na cidade paraguaia de Assunção até ser preso pela Interpol (polícia internacional) e imediatamente deportado para o Brasil nesta terça-feira. O ex-médico condenado a 278 anos de prisão por estupro vivia com a mulher, Larissa Sacco, 33 anos mais jovem, e os filhos gêmeos numa casa alugada por 5.000 dólares no rico bairro de Villa Morra. Em uma rua onde a maioria das casas está escondida atrás de muros altos, a mansão de Abdelmassih chama a atenção pelos três andares e pela fachada imponente. Na garagem, um Mercedes E350. Após a prisão, ontem, Larissa devolveu as chaves à imobiliária e deixou o imóvel. “Soubemos de tudo pelo noticiário. Só nos saudávamos amistosamente quando eu o via na rua, o que era raro. Ele levava uma boa vida”, afirma Julio Torales, vizinho de Abdelmassih.

A discrição no bairro não significa que Roger levava uma vida extremamente reclusa. Segundo policiais paraguaios ouvidos pelo site de VEJA, quando passou a ser vigiado nas últimas duas semanas, o ex-médico foi visto caminhando em um pequeno parque e frequentando o seu restaurante predileto, San Pietro, um dos mais caros da cidade, onde costumava jantar com a esposa. A polícia afirma que o único cuidado que ele tomava para não ser descoberto era evitar churrascarias, por temer ser reconhecido por brasileiros. Seus filhos frequentavam uma escola particular nas redondezas de sua casa desde fevereiro do ano passado, e Larissa se sentiu tão à vontade que usava o verdadeiro nome quando se apresentava aos outros pais de estudantes – alguns deles brasileiros. Os filhos usavam o nome verdadeiro, com a única salvaguarda de serem matriculados com o sobrenome da mãe. Abdelmassih era visto frequentemente buscando as crianças e se apresentava para outros pais como Ricardo Galeano.

Leia também:

Abdelmassih desembarca em São Paulo e é confrontado por vítimas

Continua após a publicidade

MP investiga grupo que ajudava Roger Abdelmassih

Ainda é um mistério quanto tempo o ex-médico permaneceu em Assunção. A maior parte dos vizinhos afirma que a família estava há cerca de três anos no local onde morava. “Em três anos eu só o vi duas vezes na rua. Ele não parecia nada de mais”, diz Nelson Rodriguez, que trabalha em uma empresa de radio táxi localizada na mesma quadra. Em depoimento à Polícia Federal, Abdelmassih disse que estava na capital paraguaia há três anos. Nesse período, ele passou despercebido até mesmo por brasileiros que moravam a poucos metros da sua casa. O estudante pernambucano Aldemir Magalhães, que mora a três quadras da mansão que serviu como refúgio para o médico e cuja filha frequenta a mesma classe de um dos gêmeos de Abdelmassih, disse que a comunidade brasileira reagiu com espanto à notícia da prisão. Vizinhos afirmam que os empregados da mansão também eram brasileiros.

Para as autoridades paraguaias, o comportamento discreto, mas confiante de Roger Abdelmassih demonstra que sua permanência no país sul-americano só foi possível graças à ajuda de amigos poderosos. O ex-médico não estava usando nenhum documento quando foi preso, o que permitiu a sua deportação por situação ilegal – e evitou um burocrático processo de extradição e até mesmo a abertura de um processo na Justiça Paraguaia. Ainda assim, conseguiu alugar legalmente uma mansão, adquirir dois veículos – além da Mercedes, sua mulher usava um Kia Carnival. O próprio registro dos veículos é nebuloso. A Mercedes aparece registrada em nome de um cidadão paraguaio e o Kia está no de uma empresa chamada Gala Import Export. “Ele se sentia seguro”, afirma Luis Rojas, o ministro da Secretaria Nacional Antidrogas, responsável por coordenar a prisão de Roger junto com a Polícia Federal brasileira. As autoridades investigam quais eram sua conexões no país e a suspeita é de que ele obteve documentos falsos.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.