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‘A oposição ganha um aliado para derrubar o governo’

Deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP) é um dos principais mosqueteiros de Eduardo Cunha para tocar um processo de impeachment de Dilma na Câmara

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 18 jul 2015, 08h22

O pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff está nas mãos do mais novo inimigo declarado do Palácio do Planalto: Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados. O peemedebista promete apresentar um parecer nos próximos trinta dias. Para ala mais radical da oposição, o desembarque de Cunha é o movimento que faltava para o afastamento da presidente do cargo se cristalizar como pauta de discussão entre os deputados. “Agora nós temos um aliado importante na Câmara e podemos pensar mais seriamente em uma derrubada do governo”, diz o aliado de Cunha e defensor do impeachment, deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP). Leia a entrevista ao site de VEJA.

Para a oposição, o que significa o rompimento de Cunha com o governo? Desde o dia em que a Dilma reassumiu o governo eu trabalho para derrubá-la. Falta muito tempo para terminar o governo dela, três anos e meio, e o Brasil não aguenta uma gestão incompetente e inconsequente como essa. O governo da Dilma apaga fogo com gasolina: deveria ser o primeiro a tentar fazer um acordo com o Eduardo Cunha e tentar conviver com ele. Mas jogam sujo com as pessoas ao invés de trazê-las para o lado. Tentaram jogá-lo na lama, como estão tentando com todo mundo. Eu acho que agora nós da oposição temos um aliado importante na Câmara e podemos pensar mais seriamente em uma derrubada do governo.

Essa virada para a oposição, então, reforça o pedido de impeachment? Acho que sim. Eu trabalharia com algo um pouco mais complicado do que isso. A primeira coisa é trabalhar por um entendimento entre o PMDB e o PSDB. Refazer aquela aliança antiga que foi rompida na eleição de 2006. Com isso, nós formaríamos um campo democrático e se poderia fazer uma coalizão para dirigir o Brasil nesses três anos e meio. A gente poderia trabalhar com o impeachment da Dilma e, ao mesmo tempo, instalar o parlamentarismo. A ideia é que seja um pouco parecido com o modelo francês, em que o presidente da República, que ficaria a cargo de Michel Temer, tem poderes importantes. A Câmara e o Senado comandariam o governo. Na medida em que os dois partidos se juntam, eu acho que a gente vai ser um polo aglutinador dos menores partidos e de todos aqueles que estão insatisfeitos com o governo. Essa seria uma alternativa para a gente trabalhar no mês de agosto ou setembro.

Qual a influência do Cunha nesse contexto? O Eduardo é, atualmente, o deputado mais influente da Câmara. É o presidente e tem grande poder de articulação com outros partidos e deputados. O Eduardo é o grande eleitor da Câmara e, com a opinião de oposição dentro do Parlamento, muda toda a correlação de forças. Nós já tínhamos imprimido várias derrotas as governo nesses seis meses de mandato e agora melhora essa relação no Congresso. A oposição passa a ter o grande deputado da Casa.

Qual a disposição que ele mostrou para isso? Ele vinha tendo dificuldade de colocar o assunto em discussão porque achava que ainda não tinha maioria, os 342 votos necessários para aprovar o impeachment, e que, então, era preciso um pouco mais de tempo. Mas, agora, na oposição, a gente pode acelerar esse processo.

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O que seria aprovado primeiro: o impeachment ou o parlamentarismo? Se a gente fizer um acordo geral, é possível fazer as duas coisas junto: aprova-se o impeachment e em seguida o parlamentarismo. Basta ter maioria na Câmara, e eu acho que esses dois partidos podem aglutinar os demais insatisfeitos.

Quais argumentos poderiam sustentar um pedido de impeachment? As declarações dos delatores, que vivem ganhando manchete nacional, e o nome da Dilma foi citado várias vezes. O problema todo é que o procurador atual é mais um procurador dela do que da República. Mas, assim que a gente tiver esse acerto político, as condições estão dadas. Eu acho que, para citar um caso, a Dilma vai perder no julgamento do Tribunal de Contas da União (TCU) por unanimidade. Se as contas da presidente forem rejeitadas, o que mais precisa para cassá-la? Nada.

O Cunha também foi citado por delatores. O problema é que o procurador está fazendo o jogo pesado do governo. Ele pega um desses delatores e pressiona até falarem algo que querem ouvir. E aí isso vira notícia nacional. Muito disso que é veiculado a gente sabe que é por causa da pressão. Eu não vejo nenhum problema de estar fazendo uma aliança com o Cunha porque eu não acredito que ele está envolvido nisso. Ele virou o principal personagem que tem criticado o governo. E o governo está fazendo de tudo para envolvê-lo nos escândalos.

O senhor também foi citado. Sim. O Ricardo Pessoa [da UTC] disse que me deu 500.000 reais em 2012. Esse dinheiro foi declarado na campanha para prefeito de São Paulo. O procurador força a barra para citar alguma coisa contra a oposição e o Pessoa falou. Mas comigo não tem problema, até porque ele deu o dinheiro oficialmente.

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