
Tegucigalpa, 23 jun (EFE).- O ex-governante de Honduras, Manuel Zelaya, derrubado em 28 de junho de 2009, condenou neste sábado a cassação de Fernando Lugo da Presidência do Paraguai e a definiu como ‘um golpe de Estado disfarçado’.
‘No Paraguai ocorreu um golpe de Estado, mas foi disfarçado, não é um golpe militar tão claro como o que fizeram comigo’, disse à Agência Efe Zelaya. O hondurenho foi deposto e expulso do país quando promovia uma consulta popular com o propósito de reformar a Constituição, apesar de um impedimento legal.
Lugo foi cassado na última sexta-feira pelo Senado após um julgamento político e em seu cargo lugar assumiu como chefe de Estado o vice-presidente Federico Franco.
Zelaya, quem retornou recentemente da República Dominicana onde foi internado no início de maio passado por uma fratura no fêmur condenou a cassação de Lugo. ‘Os setores políticos conservadores do Paraguai forçaram o presidente Lugo a se render, por isso condeno o atentado contra a estabilidade do Paraguai’, ressaltou.
O ex-governante, quem promove sua esposa, Xiomara Castro, como candidata presidencial pelo seu partido Liberdade e Refundação (Livre), disse que é ‘lamentável’ que organismos internacionais tenham tão pouco poder para proteger uma democracia.
Dessa forma, Zelaya pediu uma revisão a carta democrática da Organização dos Estados Americanos (OEA), e, além disso, dar força à Unasul (União de Nações Sul-Americanas) para respeitar as decisões dos povos ao elegerem um presidente.
Segundo Zelaya, por causa de casos como o do Paraguai é necessário ‘reforçar a democracia, as instituições e os organismos internacionais para que tenham algum tipo de posicionamento que permita atuar em consonância diante de atos deste tipo’. Até o momento, o Governo de Honduras, presidido por Porfirio Lobo, não se pronunciou sobre o ocorrido no Paraguai.
Vários países sul-americanos como a Argentina, Equador, Bolívia e Venezuela disseram que não reconhecerão Federico Franco como chefe de Estado do Paraguai por considerarem que a cassação de Fernando Lugo é um golpe de Estado. EFE