Islamabad, 25 dez (EFE).- O presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, pediu neste domingo aos paquistaneses para proteger seus direitos democráticos e para usar o voto em vez da bala como instrumento de mudança, no meio de desavenças entre o poder civil e militar.
‘Peço ao povo do Paquistão que forje uma unidade em suas categorias para preservar e proteger seus direitos democráticos e políticos’, disse Zardari, por ocasião do 135º aniversário do nascimento do fundador da pátria, Mohammed Ali Jinnah.
‘O Grande Líder (Jinnah) acreditava que a mudança devia vir mediante o voto e rejeitava a mudança através da bala. Prometamos que não permitiremos nenhuma mudança através da força e da intimidação, e que respeitaremos o poder do voto’, acrescentou o líder do governamental Partido Popular do Paquistão (PPP).
Nas últimas semanas aumentaram as especulações sobre um possível golpe de Estado por parte do Exército paquistanês, que esteve no poder durante mais da metade da história do país asiático.
O primeiro-ministro, Yousuf Raza Gillani, denunciou na quinta-feira passada ‘conspirações’ contra seu Governo – formado em 2008 após um período de mais de oito anos de regime militar do general Pervez Musharraf – e fez uma advertência velada às Forças Armadas.
Um dia depois, o chefe militar, Ashfaq Kiyani, desmentiu qualquer possibilidade de um golpe militar e garantiu seu ‘apoio’ ao ‘processo democrático’.
Os rumores sobre uma eventual intervenção militar dispararam por causa da repentina ida no começo do mês de Zardari a Dubai, onde o presidente foi hospitalizado por causa de um suposto infarto, embora já esteja de novo no Paquistão.
E a origem destas desavenças recentes está no chamado ‘caso memogate’ que levou Exército e Governo a se enfrentar no Tribunal Supremo.
O caso versa sobre um suposto pedido secreto das autoridades civis ao Pentágono para que interviesse no caso de um eventual golpe militar após a morte, em maio passado, de Osama bin Laden em uma operação unilateral dos EUA em solo paquistanês.
O Exército deu credibilidade ao pedido e o escândalo custou por enquanto o posto do suposto autor material da mensagem, o embaixador em Washington e confidente de Zardari, Hussain Haqqani. EFE