O ministro das Finanças Yoshihiko Noda, que defende um maior rigor orçamentário, foi eleito nesta segunda-feira presidente do Partido Democrata do Japão (PDJ) e será nomeado na terça-feira primeiro-ministro no Parlamento, quase seis meses depois do terremoto que devastou o país.
Noda vai suceder o atual chefe de Governo, Naoto Kan.
No segundo turno da votação, Noda, de 54 anos, recebeu 215 votos e superou o ministro da Economia, Comércio e Indústria, Banri Kaieda, 62 anos, que recebeu 177 votos dos 392 emitidos pelos parlamentares do PDJ (centro-esquerda).
O ministro das Finanças se beneficiou dos votos dos outros três candidatos que também buscavam a presidência do PDJ: o ex-chanceler Seiji Maehara, o ministro da Agricultura Michihiko Kano e o ex-ministro dos Transportes Sumio Mabuchi.
No Japão, o presidente do partido governista, que controla a poderosa Câmara dos Deputados, tem a garantia automática de ser eleito primeiro-ministro pelo Parlamento.
Em seu primeiro discurso, o vencedor declarou que desejava conseguir o apoio de todo o partido para superar os desafios que o Japão enfrenta, em um país traumatizado pelo terremoto e tsunami de passado 11 de março.
“Para resolver o problema de Fukushima, reconstruir a região devastada, lutar contra a valorização do iene e deflação, precisamos que todos avancem no mesmo sentido”, disse Noda.
“Estamos diante de uma situação de emergência nacional: é preciso solucionar a questão do acidente nuclear, possibilitar a reconstrução e enfrentar uma grave crise econômica”.
“Quero forjar relações de confiança com a oposição e que consigamos cooperar”, completou.
Noda é partidário de uma ampla reforma do sistema fiscal que inclua um aumento dos impostos, como a taxa de 5% que é aplicada ao consumidor, com o objetivo de pagar a dívida pública.
“Vamos examinar em que data aplicamos o aumento de impostos e sobre quais produtos, assim como sua influência na economia. Apresentaremos em breve várias opções à comissão fiscal do governo”, completou.
A eleição de Noda pode provocar tensão com a China e a Coreia do Sul por algumas posições do novo premier. Recentemente, ele declarou que os japoneses condenados por crimes de guerra por um tribunal dos Aliados, após a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, não eram verdadeiros criminosos.
Além disso, o futuro chefe de Governo não condenou as visitas de políticos ao santuário Yasukuni de Tóquio, onde são homenageados os mortos pela pátria, incluindo os criminosos de guerra, apesar das críticas dos chineses e sul-coreanos vítimas da ocupação militar japonesa.
Em um de seus últimos atos como ministro das Finanças, Noda anunciou na semana passada uma série de medidas excepcionais para ajudar as empresas do país a combater a valorização do iene.