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Vítimas dizem que atirador da Noruega executou friamente jovens em Utoeya

Por Por Pierre-Henry DESHAYES
10 Maio 2012, 13h55

Anders Behring Breivik, julgado pelo massacre de 77 pessoas no ano passado na Noruega, executou friamente os adolescentes e ignorou suas súplicas ao atirar metodicamente contra aqueles que estavam caídos no chão, testemunharam sobreviventes do massacre de Utoeya nesta quinta-feira.

No 16º dia de julgamento, o Tribunal de Oslo ouviu os depoimentos angustiantes de jovens que viram os seus amigos serem mortos a tiros por Breivik na ilha de Utoeya, em 22 de julho de 2011.

Naquele dia, o extremista de direita matou 69 pessoas, a maioria adolescentes, ao abrir fogo contra eles em um acampamento de verão do Movimento da Juventude Social-Democrata, logo após ter feito outras oito vítimas ao explodir uma bomba em uma das sedes do governo, em Oslo.

O estudante de 18 anos, Lars Henrik Rytter Oeberg, contou como, das águas geladas do lago onde se atirou, viu Breivik se aproximar de um rapaz, que tentava proteger sua cabeça com os braços, e como ele o baleou.

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“Ele tinha um rosto de mármore”, afirmou o jovem, que chegou ao Tribunal com as calças vermelhas tradicionalmente usadas pelos alunos durante o período festivo que antecede o vestibular na Noruega.

“Ele parecia muito calmo”, acrescentou.

A defesa de Breivik tem enfatizado este ponto, a fim de contrabalançar o testemunho ouvido na véspera, segundo o qual o extremista de 33 anos, cuja saúde mental é a questão fundamental do julgamento, estava eufórico ao atirar nos jovens, considerados por ele como “alvos legítimos”, já que pertenciam a um movimento que acolhe o Islã e o multiculturalismo na Noruega.

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Catorze corpos foram encontrados nesta parte da ilha, onde dezenas de adolescentes em pânico tentaram se esconder antes de serem mortos pelo assassino.

Outra testemunha, Mohammed Abdulrahman, 20 anos, detalhou como Breivik, disfarçado de policial, atirou em uma jovem que vinha em sua direção. O atirador concluiu o assassinato enquanto ela estava no chão.

“Parecia que ele tinha dado um chute (para ver se ela ainda estava viva). Ele pegou uma outra arma e atirou a cerca de 10 cm de distância”, disse o jovem de origem iraquiana.

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No final da audiência, Breivik interveio para dizer que ele nunca entrou em contato físico com suas vítimas em Utoeya, exceto a primeira, um guarda, a quem ele cumprimentou com um aperto de mãos.

A mesma testemunha disse que, pouco depois, viu Breivik matar três outros jovens de uma curta distância.

“Eu ouvi um que dizia, ‘por favor, não atire'”, explicou Mohammed Abdulrahman, que também se jogou na água.

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Talvez, este tenha sido o dia mais emotivo e marcado por muitas lágrimas da platéia, onde os parentes das vítimas deixaram seus soluços explodirem.

A jovem Janne Hovland, de 17 anos, explicou como desafiou os tiros do assassino por cerca de 75 minutos e prestou socorro a dois de seus amigos, usando os princípios básicos de primeiros socorros aprendidos na escola.

No início do tiroteio, ela inicialmente acreditou que se tratava de uma piada de mau gosto.

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“Pensei que alguém tinha jogado ketchup nas pessoas e que tudo isso era uma piada”, contou.

Somente ao ver o sangue jorrar da coxa de um menino, um dos dois a quem ela ajudou, que a jovem compreendeu a gravidade da situação.

Caso seja reconhecido como penalmente inimputável, Breivik poderá permanecer internado em um hospital psiquiátrico pelo resto de sua vida. Mas, se for considerado criminalmente responsável, receberá uma pena de 21 anos de prisão, uma sentença que poderá ser prorrogada enquanto for considerado perigoso.

Os juízes do Tribunal de Oslo vão decidir esta questão em seu veredicto esperado para julho.

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