Hanói, 24 mai (EFE).- Um tribunal do Vietnã começou nesta quinta-feira o julgamento contra quatro estudantes católicos que enfrentam entre três e 20 anos de prisão acusados de um delito de subversão por distribuir panfletos contra o regime comunista.
Dau Van Duong, Tran Huu Duc, Chu Manh San e Hoang Phong, de entre 23 e 25 anos e detidos entre agosto e dezembro do ano passado, foram com três advogados ao tribunal da província de Nghe An, na zona central do país.
Os advogados, que só tiveram acesso aos acusados recentemente, disseram que seus clientes foram acusados de distribuir panfletos a favor da democracia e contra o Partido Comunista.
Cerca de uma centena de policiais armados com cassetetes guardavam a entrada do tribunal para evitar a entrada de centenas de simpatizantes, já que a assistência está limitada a convite.
Os agentes apreenderam os cartazes que pediam a libertação imediata dos estudantes, acusados de violar o artigo 88 do Código Penal que castiga a ‘propaganda contra o Estado’.
Os jovens também participaram de campanhas para dissuadir as mulheres a cometerem abortos, doações de sangue e de ajuda aos órfãos e vítimas de desastres naturais, embora não esteja claro se estas atividades foram incluídas na acusação.
‘É uma vergonha que o Governo do Vietnã leve a julgamento estes ativistas católicos, que podem ir para a prisão durante anos por expressar suas ideias e distribuir panfletos’, disse Phil Robertson, subdiretor da Human Rights Watch na Ásia.
‘A acusação destes quatro ativistas mostra o desprezo do Vietnã pela liberdade de religião e expressão’, acrescentou Robertson.
Na sua opinião, as autoridades comunistas utilizam de forma ‘arbitrária’ o artigo 88 para perseguir críticos, blogueiros e ativistas por ‘distribuir documentos ou material cultural’, ou fazer ‘guerra psicológica’ contra o Governo.
Pelo menos outros 12 ativistas e internautas católicos estão detidos, incluindo o sacerdote Nguyen Van Ly, sentenciado a oito anos de prisão em 2007 por propaganda e incitar a população a se manifestar contra as leis vietnamitas. EFE