Luis Chaparro.
Ciudad Juárez (México), 10 jan (EFE).- Os restaurantes e as casas noturnas de Ciudad Juárez, no norte do México, começam a recuperar suas atividades após a violência acabar com cerca de 40% desses estabelecimentos.
Os moradores dessa cidade que faz fronteira com El Paso, no Texas (EUA), voltam a fazer filas nos poucos restaurantes que sobreviveram à onda de assassinatos e extorsões. As casas noturnas também estão cheias de jovens que retomaram a vida social.
‘O medo das pessoas me fez deixar de sair. Agora notei uma mudança, talvez desde meados de 2011’, comentou Héctor Servin, um morador da cidade.
Alguns clubes noturnos e restaurantes ainda continuam vazios por estarem em áreas consideradas de alto risco. No entanto, muitos desses estabelecimentos decidiram reabrir suas portas na chamada ‘zona segura’, vigiada 24 horas por agentes da Polícia Federal há alguns meses.
O local está situado no chamado anel do Pronaf (Programa Nacional Fronteiriço) e nele cerca de dez bares reabriram suas portas, além de outros administrados por novos empresários.
Com ‘ladies nights’ (noites com descontos para mulheres) e ‘boys nights’ (descontos para homens), entre outras estratégias de marketing, os donos desses estabelecimentos tentam atrair clientes e obter lucro.
Em 2010, a luta por território travada pelos cartéis de Sinaloa e Juárez afetou a vida noturna ao fazer desaparecer os milhares de visitantes, principalmente americanos, que frequentavam esses locais atraídos pela oferta de lazer e porque a idade mínima para consumir álcool no México é menor, de 18 anos.
Desde 2009, Ciudad Juárez, considerada a cidade mais perigosa do México, perdeu cerca de 300 bares e quatro mil restaurantes, que tiveram que fechar suas portas pelos ataques, sequestros e extorsões do crime organizado ou pelo medo que provocava suas ruas desertas no final da tarde.
Em 2010, dos poucos estabelecimentos que permaneceram abertos, se estima que mais de 70% pagavam entre US$ 33 e US$ 330 mensais de propina a supostos membros dos cartéis de drogas, disse à Agência Efe Federico Ziga, presidente local da Câmara da Indústria de Restaurantes e Alimentos Condimentados (Canirac).
Ziga afirmou que o aumento de clientes em restaurantes e bares é estimado em 30%, ‘em parte pelo aumento de detenções e denúncias contra delitos de extorsão e sequestro’.
Por enquanto, a principal preocupação dos donos de bares e restaurantes é garantir a continuidade desses estabelecimentos.
‘A prioridade agora é mantê-los abertos e conquistar a confiança das pessoas. Depois pensaremos no lucro’, disse um empresário, dono de um bar na ‘zona segura’.
O presidente da Câmara Nacional de Comércio de Ciudad Juárez, Alejandro Seade, declarou que embora os moradores ‘continuem lutando’, a situação já não é tão grave como nos anos anteriores.
Dados da Procuradoria revelaram que até o último dia de 2011 foram registrados 1.974 assassinatos, muito abaixo dos 3.115 de 2010. EFE