Venezuela pede para Brasil entregar militares localizados na fronteira
Cinco soldados venezuelanos foram localizados pelo Exército brasileiro em uma terra indígena de Roraima; Maduro acusa grupo de ataque a unidade militar
A Venezuela iniciou procedimentos para pedir que o Brasil entregue cinco militares venezuelanos localizados na fronteira, a quem vinculou com um assalto a um destacamento da Força Armada, informou o ministro das Relações Exteriores Jorge Arreaza neste sábado, 28.
O governo de Nicolás Maduro começou a “ativar os procedimentos diplomáticos necessários para solicitar e facilitar a entrega deste grupo de cidadãos (…) para prestar contas”, afirmou um comunicado divulgado por Arreaza.
O documento considera “os cinco defensores do Exército” como “responsáveis materiais” pelo ataque ocorrido no domingo passado em uma unidade militar no estado de mineração de Bolívar (sul da Venezuela), no qual um homem uniformizado foi morto e rifles de assalto e um lançador de foguetes foram roubados. Seis soldados foram presos.
Maduro culpou os opositores treinados em “campos paramilitares” na Colômbia, apoiados por autoridades brasileiras e peruanas, acusações que esses países negam.
Na sexta-feira, o governo brasileiro confirmou que cinco militares venezuelanos foram localizados no dia anterior em uma reserva indígena, em São Marcos, um vasto território no norte do estado de Roraima (norte). “Eles estavam desarmados e foram levados para Boa Vista (capital do estado), onde estão sendo entrevistados”, disse uma declaração conjunta dos Ministérios das Relações Exteriores e da Defesa.
Brasil, Colômbia e Peru fazem parte dos 50 países que reconhecem o líder da oposição Juan Guaidó, chefe do Parlamento, como presidente interino da Venezuela.
Acusação
Os cinco militares venezuelanos foram localizados durante uma missão de reconhecimento e patrulhamento nas áreas de fronteira conduzida por unidades do Exército brasileiro. Na ocasião, o ministro da Informação venezuelano, Jorge Rodríguez, disse que os autores do ataque receberam ajuda do presidente Jair Bolsonaro, o que foi negado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
Rodríguez acrescentou que os agressores foram treinados em “campos paramilitares na Colômbia” e receberam assistência de Bolsonaro. Ele, entretanto, não forneceu detalhes para amparar essas acusações. Questionado, o Itamaraty afirmou que “o Brasil nega qualquer envolvimento no episódio”.