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Vencedores do Nobel da Paz pedem pelas vítimas de violência sexual

Denis Mukwege e Nadia Murad atacaram a impunidade para o genocídio e os abusos e pediram mais do que simpatia a suas causas

Por Da Redação
Atualizado em 10 dez 2018, 19h54 - Publicado em 10 dez 2018, 17h33

Os vencedores do Nobel da Paz de 2018, Denis Mukwege e Nadia Murad, pediram que o mundo proteja as vítimas de abuso sexual durante as guerras e criticaram a indiferença de países e organizações diante das dificuldades de mulheres e crianças envolvidas em conflitos.

Ambos receberam nesta segunda-feira, 10, em Oslo (Noruega), as medalhas de ouro do prêmio. Ginecologista congolês de 63 anos de idade, Mukwege dedicou sua carreira ao tratamento de milhares de mulheres sobreviventes de estupro como líder do hospital Panzi, na cidade de Bukavu.

Integrante da comunidade curda Yazidi do Iraque, Murad foi sequestrada, mantida como escrava por um membro do Estado Islâmico, estuprada e agredida até conseguir escapar e se tornar uma militante dos direitos humanos. Ela tem 25 anos de idade.

Os vencedores do Nobel da Paz atribuíram a continuidade de tais atrocidades à falta de punição para os responsáveis. Mulheres na República Democrática do Congo (RDC) vêm sendo vítimas de estupros sistêmicos desde 1998, cometidos principalmente por grupos rebeldes que mantém o leste do país em um permanente estado de instabilidade.

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Depois de ter sido anunciado como um dos premiados, em outubro, Mukwege pediu que o governo “ilegal e ilegítimo” da RDC renuncie. Ele acusou o governo de perpetuar a violência e de falhar na proteção das mulheres. As eleições no país estão marcadas para o fim de dezembro.

Em seu discurso, o congolês enfatizou que os problemas do país são causados pela “ausência de leis, o colapso dos valores tradicionais e o reinado da impunidade, particularmente para os que estão no poder”.

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Mukwege também sublinhou a “indiferença que está consumindo nossas sociedades”, apontando que a raiz da violência, da guerra e da pobreza em seu país são os recursos naturais. Ele pediu aos consumidores de outras nações que se certifiquem de que os produtos que compram não estão sendo produzidos às custas de sofrimento humano.  

Murad condenou a falta de ação da comunidade internacional que, segundo ela, não fez nada para deter ou parar o genocídio que o Estado Islâmico cometeu contra os Yazidi na Síria e no Iraque. Para ela, seu povo recebeu simpatia, mas não justiça e proteção.

“Até agora, os agentes dos crimes que levaram a esse genocídio não foram julgados pela justiça. Eu não procuro por mais simpatia; quero traduzir esses sentimentos em ações”, ela disse. “A comunidade internacional deve se comprometer a oferecer refúgio e oportunidades de imigração àqueles que se tornaram vítimas deste genocídio.”

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Mais de 6.500 mulheres e garotas Yazidi já foram sequestradas, estupradas, vendidas e compradas. Murad destacou que o destino de 3.000 mulheres e crianças continua desconhecido.  “Muito obrigada por esta honra, mas o fato é que o único prêmio no mundo que pode restaurar nossa dignidade é a justiça e o indiciamento dos criminosos.”

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