Varíola dos macacos: O que muda com estado de emergência nacional nos EUA
Um dos principais focos da doença no mundo, país já registrou 7 mil casos
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira, 4, um estado de emergência nacional de saúde por conta da varíola dos macacos. A declaração, que especialistas apontam como atrasada, muda o status do surto, que passará a representar uma ameaça significativa para os americanos e coloca em ação uma variedade de medidas para aliviar o número de casos. A Organização Mundial da Saúde já trata a doença como emergência mundial desde 23 de julho.
Na prática, a mudança de direcionamento dá às agências federais o poder de direcionar dinheiro para o desenvolvimento e avaliação de vacinas e medicamentos, para acessar financiamento de emergência e contratar trabalhadores adicionais para ajudar a gerenciar o surto, que começou em maio.
O estado de emergência também permite às agências federais escapar de uma série de burocracias, a exemplo de como ocorreu com a pandemia do coronavírus. A mudança também dá aos Centros de Controle e Prevenção de Doenças mais acesso às informações dos profissionais de saúde e dos estados. Normalmente, elas não podem obrigar os estados a compartilhar dados sobre casos ou vacinas.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está sob intensa pressão de ativistas e especialistas em saúde pública para agir de forma mais agressiva para combater o surto de varíola dos macacos, mas as principais autoridades federais de saúde até esta quinta-feira haviam resistido em declarar emergência.
No início desta semana, no entanto, o líder americano nomeou um oficial veterano de resposta a emergências e um respeitado especialista em doenças infecciosas para coordenar a resposta da Casa Branca, em um sinal de que o governo está intensificando seus esforços.
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Até então, os suprimentos da vacina contra a doença foram severamente restringidos e o governo foi criticado pela demora em expandir o número de doses. Uma eventual declaração de emergência nacional não irá aliviar a escassez, mas permitirá um acesso mais rápido e amplo de um dos medicamentos recomendados para o tratamento da varíola do macaco.
Na última semana, os Estados Unidos registraram mais de 7.000 casos da doença, com as maiores taxas encontradas em Washington, Nova York e Geórgia. O vírus é transmitido principalmente durante o contato físico e a infecção raramente é fatal, mas pode ser muito dolorosa – até o momento não houve registro de mortes entre os americanos. No entanto, o país se tornou um dos maiores focos da doença e é provável que esse número aumente à medida que os testes melhorem.
A situação tem levado a uma intensificação nos pedidos por uma ação maior para conter o surto. Recentemente, o deputado democrata da Califórnia, Adam Schiff, pediu ao governo Biden que intensifique a fabricação e distribuição de vacinas e desenvolva uma estratégia de longo prazo para combater o vírus.
Ao mesmo tempo, a senadora Patty Murray, democrata do estado de Washington, que lidera o comitê de saúde, pressionou o Departamento de Saúde e Serviços Humanos a fornecer um relato detalhado das medidas que está tomando para conter o surto. Além deles, ativistas da AIDS também vêm pressionando o governo por uma declaração de emergência há semanas.