Usina nuclear de Fukushima sofre nova explosão em reator
Apesar de acidente, índice de radiação fora da usina não ultrapassa limite de segurança

A usina nuclear de Fukushima, localizada a 238 km de Tóquio, sofreu uma nova explosão de hidrogênio na manhã desta segunda-feira (horário local). Debilitado pelo terremoto e tsunami da última sexta-feira, o setor que abriga o reator três da usina entrou em colapso por volta das 11 horas da manhã e explodiu, pondo abaixo uma das paredes que o isolam do meio ambiente.
De acordo com o governo japonês, a nova explosão não danificou o reator e não provocou liberação de quantidades perigosas de radiação para a atmosfera. Logo após o acidente, o índice de radiação fora da usina estava em níveis normais. Apesar das declarações apaziguadoras do governo, o clima é de medo entre a população local e de desconfiança entre os países vizinhos – Cingapura, por exemplo, anunciou que examinará os índices radioativos de todos os produtos importados do Japão.
A explosão desta segunda-feira deixou onze funcionários feridos e fez com que o governo japonês emitisse novos alertas ao moradores da região, pedindo para que a população não saia de casa.
Veja abaixo o vídeo que mostra o momento da explosão no reator 3 da usina
Tragédia nuclear – Embora a devastação causada pelo terremoto e pelo tsunami que atingiram o Japão na sexta-feira sejam imensos, quer pela perda de vidas, quer pela destruição material, a sombra de uma catástrofe nuclear torna-se rapidamente a mais assustadora para um país em choque – e para seus vizinhos. Neste domingo, relatos de que um derretimento parcial do núcleo de dois reatores da usina nuclear de Fukushima começaram a circular pelo país. Esse poderia ser o prenúncio de uma nova explosão, o que de fato se tornou realidade na manhã da segunda-feira.

Segundo o centro de análise política e militar Straford, a Agência de Segurança Atômica e Industrial do Japão informou que a explosão de sábado na planta nuclear número 1 de Fukushima só poderia ter sido causada por um derretimento do núcleo do reator. O relatório, no entanto, contradiz as declarações de sábado do Chefe de Gabinete do governo, Yukio Edano, segundo o qual embora as paredes do prédio que continham o reator houvessem explodido, “o container de metal que encapsula o reator permaneceu intacto”.
Além dos problemas na planta que sofreu a explosão, as autoridades japonesas se mantêm em estado de alerta no acompanhamento de outras instalações nucleares, entre elas, uma usina localizada a cerca de 150 quilômetros de Tóquio, que, segundo o jornal Kyodo News, enfrentaria problemas no seu sistema de refrigeração.
Contaminação – O “derretimento nuclear” é o termo informal para um acidente de grandes proporções que danifica o núcleo de um reator nuclear por super aquecimento. O derretimento ocorre quando o sistema de segurança da usina não consegue resfriar o reator, então o combustível nuclear superaquece e derrete. O derretimento é considerado gravíssimo pelas autoridades internacionais porque pode causar o lançamento de materiais radioativos no meio ambiente.
De acordo com o porta voz do governo japonês, Yukio Edano, é possível que “derretimentos parciais” tenham acontecido e que os funcionários que tentam conter os vazamentos corram sério risco de serem contaminados com radiação. Sob a ameaça de novos vazamentos nucleares, o governo corre contra o tempo para impedir que explosões aconteçam, como ocorreu em Chernobyl, Ucrânia, há 25 anos. Além das três usinas que já apresentaram problemas no sistema de refrigeração dos reatores – Fukushima, Onagawa e Tokai – especialistas internacionais afirmam que o vazamento nuclear já aconteceu numa quarta usina.
Repercussão – Segundo o ex-ministro do meio ambiente da Alemanha, Sigmar Gabriel, a crise nuclear japonesa seria um prelúdio ao fim da era da energia atômica. “A política de expansão da energia nuclear não pode continuar”, diz em entrevista à revista alemã Der Spiegel. Para o político os riscos associados à energia nuclear não se justificam e o mundo deveria cessar o uso dessa tecnologia o mais rápido possível. “Estamos vendo de novo que os derretimentos não são parâmetros teóricos negligenciáveis”, avalia. “Pelo contrário, está provado que são ameaças concretas com riscos inimagináveis para a humanidade”.