Seis homens detidos por mais de uma década na prisão militar norte-americana na Baía de Guantánamo, Cuba, foram transferidos para o Uruguai no domingo, disse o Pentágono, no mais recente passo de um esforço lento da administração Obama para fechar o centro de detenção.
O grupo de quatro sírios, um tunísiano e um palestino, que foi trazido à América do Sul a bordo de um avião militar dos Estados Unidos, é o maior a deixar o campo de detenção dos EUA desde 2009. Desde o início de novembro, sete outros presos foram transferidos de Guantánamo, incluindo três para a Geórgia, dois para a Eslováquia, um para a Arábia Saudita e um para o Kuwait.
Dentre os presos, apenas o tunisiano não teve sua identidade informada. Os demais são Mohammed Tahamatan, palestino de 35 anos; Abu Wael Dhiab, sírio de 43 anos, Abd Hadi Faraj, sirio de 39 anos; Ali al Shabaan, sirio de 32 anos e Ahmed Adnan Ahjam, sirio de 36 anos. Todos foram capturados no Paquistão e estavam em Guantánamo desde 2002 e tiveram sua transferência autorizada por serem considerados de baixa periculosidade. Assim que chegaram a Montevidéu, eles foram levados a um hospital para exames médicos, disse a autoridade norte-americana.
Uruguai – A transferência para o Uruguai vinha sendo adiada. Em agosto, o vizinho brasileiro suspendeu o transporte dos presos por temer repercussões na eleição presidencial que transcorreu entre outubro e novembro. Com a votação encerrada, o presidente Jose Mujica seguiu adiante com o aceite dos prisioneiros.
Em entrevista ao canal público uruguaio TNU neste domingo, durante viagem ao Equador, onde se encontra para participar de encontro da União de Nações Sul Americanas (Unasul), Mujica disse que acolhe os ex-detentos como refugiados, e que eles poderão deixar o Uruguai “no dia seguinte, se assim desejarem”.
O presidente uruguaio afirmou ainda que a base de Guantánamo “não é uma prisão, mas um cativeiro para sequestrados, uma vez que uma prisão pressupõe a aplicação de algum sistema jurídico, a presença de alguma fiscalização, as decisões de um juíz, qualquer que seja, mas lá nada disso acontece.”
Mujica revelou que um pedido dos Estados Unidos, para que os detentos permanecessem ao menos dois anos em uma prisão uruguaia, foi rejeitado.
Estados Unidos – Quaisquer tensões que possam ter permeado as negociações com o país sul-americano não transparecem no comunicado divulgado por Clifford Sloan, funcionário do Departamento de Estado americano que negociou a transferência em janeiro. “Estamos muito gratos ao Uruguai por essa ação humanitária importante”, diz o documento assinado por Sloan.
“O apoio que estamos recebendo de nossos amigos e aliados é fundamental para que alcancemos o objetivo comum de fechar Guantánamo, e esta transferência é um marco importante.”
Com a liberação de domingo, a população prisioneira de Guantánamo foi reduzida a 136.
A prisão foi aberta pelo antecessor de Obama, George W. Bush, depois do 11 de setembro de 2001, quando ocorreram os ataques contra os Estados Unidos, para abrigar suspeitos de terrorismo.
O presidente Barack Obama assumiu o cargo há quase seis anos prometendo fechar a prisão, mais ainda não foi capaz de fazê-lo.
(Com agência Reuters)