Montevidéu, 19 dez (EFE).- O ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Luis Almagro, informou nesta segunda-feira que analisa a abordagem a um pesqueiro espanhol com bandeira das Ilhas Malvinas por parte da Armada argentina em águas compartilhadas pelos dois países sul-americanos.
‘Estamos esperando um relatório oficial a respeito’, disse o chanceler em entrevista à Rádio ‘El Espectador’. Almagro disse que em junho ‘houve um pico de casos’ deste tipo e Montevidéu já apresentou o assunto a Buenos Aires, mas desde agosto não havia nenhum registro.
No sábado, o pesqueiro espanhol ‘Villa Nores’, cuja base de operações está no porto de Montevidéu, zarpou da capital uruguaia a áreas pesqueiras do Atlântico Sul e quando saiu às águas de uso comum do Rio da Prata foi contatado pela guarda-costeira da Armada argentina.
Aparentemente, a embarcação de guerra pediu uma informação por rádio ao pesqueiro e lhe informou que tinha entrado em águas argentinas sem autorização e devia parar seu barco para ser abordado.
Diante da situação, o barco espanhol consultou seu armador e retornou a águas exclusivas do Uruguai, escoltado por um avião de patrulha marítima uruguaio, que fez contato com as duas partes para evitar maiores incidentes.
Fontes diplomáticas espanholas disseram à Agência Efe que estão esperando o conteúdo do relatório oficial uruguaio, mas declararam que segundo a informação que dispõem ‘o Governo uruguaio atuou com uma diligência e uma prontidão enorme ao escoltar o barco’.
O incidente acontece no meio de uma crise diplomática entre Uruguai e Reino Unido, depois que Londres pediu explicações do embaixador uruguaio na capital britânica sobre um comunicado do presidente José Mujica, no qual afirmava que seu país não permite o ingresso a seus portos de navios que utilizem bandeira das Ilhas Malvinas.
Almagro defendeu esta decisão por ‘coerência política’ e lembrou que seu país ‘teve uma política anticolonialista’ nas Nações Unidas e em outros fóruns internacionais. Esclareceu também que a medida ‘faz parte de uma resolução ds União de Nações Sul-Americanas (Unasul) com um consenso muito forte’.
No domingo, Mujica se irritou com um jornalista em um ato público quando o repórter lhe perguntou se permitiria que a Marinha argentina patrulhasse em águas uruguaias para evitar a presença de navios com bandeira das Malvinas.
É frequente que navios de diferentes países, especialmente espanhóis, usem como ‘bandeira de conveniência’ a das Ilhas Malvinas para trabalhar pelo Atlântico Sul.
A soberania das Malvinas, situadas a cerca de 400 milhas marítimas do litoral da Argentina, está em litígio desde 1833 e foi motivo de uma guerra entre a Argentina e o Reino Unido em 1982, que os britânicos ganharam.
A Argentina solicitou aos países vizinhos que não facilitem o uso de seus portos ou aeroportos aos navios britânicos que vão para as ilhas.
No ano passado, o Uruguai negou a entrada em seus portos de uma embarcação da Armada Britânica, um gesto que foi agradecido calorosamente pela presidente argentina, Cristina Kirchner. EFE