Bogotá, 8 mai (EFE).- O ex-presidente colombiano Álvaro Uribe chamou nesta terça-feira o francês Roméo Langlois, em poder das Farc desde 28 de abril, de ‘grosseiro’ ao lembrar que há um ano o repórter pediu uma entrevista e, segundo ele, se mostrou agressivo.
‘Eu desconfio dele, porque pude conhecê-lo’, disse Uribe em uma entrevista à emissora ‘Rádio Colmundo’. O ex-chefe de Governo também questionou a presença do jornalista no país durante a operação militar, quando caiu em poder das Farc.
De acordo com Uribe, o francês pediu uma entrevista durante a campanha de prefeito para perguntar por que o ex-presidente estava fazendo campanha. ‘Quando fui atendê-lo, ele me hostilizou com uma série de acusações. Uma pessoa agressiva’, contou.
O ex-chefe de Governo (2002-2010) apoiou candidatos às prefeituras, governos, distritos municipais e juntas administrativas locais que concorreram pelo Partido do U nas eleições de 30 de outubro do ano passado.
O grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) confirmou em um vídeo gravado em 30 de abril e divulgado no último domingo que o correspondente do canal France 24 e do jornal ‘Le Figaro’ se tornou prisioneiro depois da guerrilha entrar em combate com o batalhão acompanhado por Langlois em uma cobertura.
A agência ‘Anncol’, ligada às Farc, questionou a presença do jornalista em zona de conflito, com capacete e colete à prova de balas fornecidos pelo Exército. ‘Quando o seqüestraram, eu disse: mas o que ele estava fazendo no país com o Exército, quem lhe deu permissão, por que estava ali envolvido com os soldados em uma operação militar? Eu acho que o país precisa dessa explicação’, comentou Uribe.
Além de manifestar sua desconfiança sobre o trabalho do repórter francês, o ex-presidente se mostrou preocupado com o seqüestro, a Colômbia volte a se transformar em um ‘tema na Europa’ e que as Farc tentem buscar solidariedade no Velho Continente.
Em comunicado divulgado na última segunda no site da ‘Anncol’, mas escrito, aparentemente, em 3 de maio, as Farc condicionaram a entrega do jornalista à abertura de um debate na Colômbia sobre o papel da imprensa no conflito armado. No entanto, a exigência foi recebida de forma negativa pelo Governo e por organismos internacionais, como a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) e Anistia Internacional (AI). EFE