União Europeia assina acordo de aproximação com Ucrânia
Presidente ucraniano exaltou a assinatura do pacto como um momento histórico para o país: "Mostra como as coisas podem mudar em pouco tempo"
O presidente ucraniano Petro Poroshenko assinou nesta sexta-feira um acordo de associação e cooperação econômica com a União Europeia (UE). O pacto é o mesmo que havia sido rejeitado no ano passado por seu predecessor, Victor Yanukovich, em uma atitude que provocou a revolta da população de Kiev e iniciou a crise que se arrasta até hoje no país. Outras duas ex-repúblicas soviéticas, Geórgia e Moldávia, também assinaram o acordo, que aproxima as três nações do Ocidente e deve contribuir ainda mais para o aumento das tensões com a Rússia, contrária à influência da Europa na região.
Poroshenko assinou o segundo capítulo do acordo de associação, concretamente sobre o comércio, que pretende suprimir a maioria das barreiras alfandegárias entre a Ucrânia e os países da UE. O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, assinou na terça-feira o primeiro capítulo, de ordem política. O acordo de associação, inédito na história da UE, representa uma ampla cooperação com os três países em troca de compromissos na luta contra a corrupção e para avançar em direção a um Estado de direito.
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Reação russa – O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Grigori Karasin, advertiu para as consequências do acordo. “A assinatura por parte de Ucrânia e Moldávia do acordo terá graves consequências”, declarou à agência de notícias russas Interfax. Falando em nome do Kremlin, ele afirmou ainda que a Rússia adotará medidas para defender sua economia das eventuais consequências negativas do acordo.
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta sexta que a sociedade ucraniana está dividida por ter sido obrigada a escolher entre Europa e Rússia, em declarações posteriores à assinatura de um acordo de associação histórico entre UE e Kiev. “O golpe de Estado inconstitucional em Kiev e as tentativas para impor ao povo ucraniano a escolha artificial entre Europa e Rússia empurraram a sociedade para a divisão e para um doloroso confronto interno”, declarou Putin a um canal de televisão russo. “No sudeste do país corre o sangue, há uma catástrofe humanitária em curso, milhares de pessoas fogem dos combates buscando refúgio em outros lugares, entre eles a Rússia”, completou.
Histórico – Em novembro de 2013, o ex-presidente Yanukovich rejeitou, sob pressão da Rússia, a aproximação com a União Europeia. Tal atitude deu início aos protestos de rua no país que culminaram com a morte de centenas de pessoas em violentos confrontos contra as tropas de segurança do governo. A crise provocou a queda de Yanukovich, que fugiu da capital, e o levante de rebeldes separatistas em regiões onde a maioria da população tem origem russa. Uma delas, a Crimeia, acabou anexada pela Rússia. Já no leste ucraniano, os confrontos continuam até hoje.