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União Africana vai enviar 5.000 homens para capturar Kony

Anúncio ocorre semanas após estourar um vídeo na internet contra ugandense

Por Da Redação
23 mar 2012, 17h41

Uma força militar conjunta de 5.000 soldados começará no sábado uma intensa operação de busca por Joseph Kony, procurado por crimes de guerra pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) e líder do Exército de Resistência do Senhor (LRA, na sigla em inglês). O criminoso ganhou fama mundial recentemente devido a uma controvertida campanha da ONG americana Invisible Children. As tropas – procedentes de Uganda, Sudão do Sul, República Democrática do Congo e República Centro-Africana, os quatro países afetados pela atividade criminosa do LRA – contam com o respaldo das Nações Unidas e da União Africana (UA), anunciaram nesta sexta-feira fontes militares em Entebbe (cidade próxima a Campala).

“Com este novo mandato, Uganda deixa de trabalhar unilateralmente para capturar Kony e os membros do LRA”, explicou o coronel ugandense Dick Olum, responsável da força. O representante especial da UA para contraterrorismo, o moçambicano Francisco Madeira, indicou à imprensa que “os países falharam nas tentativas anteriores de capturar Kony por falta de coordenação”. “Esta é uma força autorizada pela UA para pôr fim a Kony e a seus seguidores”, ressaltou Madeira.

Em outubro do ano passado, o governo do presidente americano, Barack Obama, enviou cerca de 100 assessores militares à região para impulsionar as buscas por Kony. O conflito do norte de Uganda – onde o LRA assassinou, mutilou, sequestrou e violentou milhares de pessoas, em sua maioria crianças, desde o final dos anos 1980 – se alastrou desde 2006 para países vizinhos, que agora também fornecem tropas para buscar o guerrilheiro.

Em 2005, o TPI emitiu um mandado de prisão internacional contra Kony e outros importantes membros do LRA por crimes de guerra. “A luta começou para defender a população acholi das represálias do presidente (de Uganda), Yoweri Museveni”, disse em maio passado Kenneth Banya, antigo conselheiro de Kony e ex-número 3 do LRA durante os dezoito anos que permaneceu nas fileiras rebeldes – para as quais disse ter sido recrutado à força.

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Campanha – Joseph Kony era uma figura pouco conhecida mundialmente até que um vídeo de 29 minutos no YouTube mobilizou dezenas de milhões de pessoas de todo canto do planeta. Por meio da campanha, a ONG Invisible Children denuncia o líder do LRA, reforçando que ele deveria pagar pelas graves violações aos direitos humanos de que é acusado. A ONG logo recebeu o apoio declarado de famosos como Oprah Winfrey, Rihanna, P. Diddy e Justin Bieber. Talvez eles não soubessem que Kony fugiu de Uganda há seis anos e o LRA está enfraquecido, na ativa apenas em áreas remotas do Congo, Sudão do Sul e República Centro-Africana. O nome “Kony” ficou entre os assuntos mais citados no Twitter, e a ONU chegou a elogiar o impacto da campanha Kony 2012.

Ironicamente, o cofundador da entidade, Jason Russell, foi detido na semana passada pela polícia de San Diego, depois de sofrer um surto. Russell foi filmado andando nu e, de acordo com testemunhas, se masturbou em público. Do departamento de polícia, ele foi encaminhado para um hospital, onde segue internado por “exaustão”, informa o CEO da entidade, Bem Keesey. Embora não haja dúvida quanto ao perfil de Kony – uma figura grotesca e sanguinária – o vídeo divulgado freneticamente também foi recebido com críticas, e a transparência da Invisible Children foi questionada. Alguns alegam que a ONG gasta a maior parte de seu dinheiro com salários e viagens – embora opere um centro de acolhimento no norte de Uganda para receber crianças e adolescentes que escaparam das fileiras da LRA.

A entidade também já foi descrita como um grupo de pressão, cujo objetivo não seria apenas divulgar uma causa, mas levar o governo americano a se envolver de maneira direta (ou seja, militarmente) na captura de Kony. Ignorando as atrocidades do governo de Uganda ou do Exército Popular de Libertação do Sudão, a Invisible Children seria uma entre várias instituições que procuram convencer os EUA a escolher um lado no conflito entre o LRA e o regime. O vídeo ainda faz uso de táticas de mobilização espúrias, como mostrar Kony ao lado de Hitler – figura com a qual ele certamente não se equipara, num hipotético “índice da maldade”. As próprias vítimas de Kony ficaram furiosas com a campanha.

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(Com agência EFE)

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