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Um traficante e ex-ditador é o novo presidente do Suriname

Dési Bouterse tem condenação na Holanda por tráfico de cocaína e responde a processo no Suriname pelo assassinato de 15 opositores

Por La Vanguardia
4 ago 2010, 18h40

Admirador de Che Guevara e Hugo Chávez, Bouterse mantém excelentes relações com seu par venezuelano

O Suriname é um dos países mais desconhecidos da América do Sul, mas agora conta com mais ingredientes para ganhar espaço na imprensa. Dési Bouterse, um ex-ditador condenado por narcotráfico na Holanda e processado por assassinato em seu país, assumirá a presidência no próximo dia 12, depois de ganhar as eleições de maio com 45% dos votos.

Com apenas 500 mil habitantes e encaixado entre a Guiana, Brasil, Guiana Francesa e o Atlântico, este país obteve sua independência da Holanda em 1975. Apenas cinco anos depois, em 1980, Bouterse encabeçou um golpe militar, conhecido como “golpe dos sargentos” porque foi coordenado por um grupo de suboficiais de orientação inicialmente esquerdista.

Depois do golpe, Bouterse presidiu o Suriname durante alguns curtos períodos de tempo, ainda que na prática tenha sido a cabeça de uma ditadura militar que tomou o controle total do país graças à conivência de presidentes fantoches. Assim foi até 1988, quando houve eleições livres.

O momento mais negro da ditadura ocorreu em dezembro de 1982, quando quinze opositores foram assassinados por um esquadrão militar. Por sua suposta responsabilidade na matança, Bouterse foi processado no Suriname e pode ser condenado a 20 anos de prisão. No entanto, a chegada à presidência, com 64 anos, lhe garantirá imunidade.

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O novo mandatário também terá imunidade se quiser atender a alguma das instituições internacionais sediadas na Holanda. O ministério de Relações Exteriores holandês confirmou que tem a obrigação de estender o visto de Bouterse, ainda que a Justiça holandesa o tenha condenado à revelia a 16 anos de prisão por tráfico de cocaína e pedido sua extradição à Interpol. O Suriname nunca atendeu a petição, alegando sua condição de ex-presidente.

Por esse motivo, não caiu nada bem na Holanda que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, tenha sido o primeiro líder europeu a felicitar Bouterse, por causa da Guiana Francesa.

A sombra do ex-sargento dominou a política do Suriname durante os últimos 30 anos. Em 1990 ele deu outro golpe, ainda que tenha fracassado em 24 horas. E em 1996 conseguiu que o candidato de sua formação, o Partido Nacional Democrático, se tornasse presidente até o ano 2000.

Admirador de Che Guevara e Hugo Chávez, Bouterse mantém excelentes relações com seu par venezuelano. Provavelmente, a chegada de um ex-ditador e narcotraficante a clubes regionais, como a Unasul ou a OEA, dos quais o Suriname é membro – deve animar os encontros.

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