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Um candidato da Irmandade Muçulmana na busca de carisma

Por Da Redação
18 Maio 2012, 17h46

Susana Samhan.

Cairo, 18 mai (EFE).- O islamita Mohammed Mursi conta com grande apoio da Irmandade Muçulmana para convencer os egípcios que pode ser o futuro presidente, apesar da sua falta de carisma e percepção de ser candidato quase por acidente.

Embora as pesquisas de opinião pública indiquem que o engenheiro não passará do primeiro turno do pleito, em 23 e 24 de maio, Mursi pretende ir além da adesão recebida pela Irmandade, muito presente nos bairros populares. Para compensar sua falta de carisma, Mursi optou por ficar à direita do candidato islamita favorito, o moderado Abdel Moneim Abul Futuh, ex-dirigente da Irmandade Muçulmana.

Mursi também é presidente do Partido Liberdade e Justiça (PLJ), braço político do grupo e sempre inicia seus discursos com a frase ‘No nome de Deus, misericordioso’ e faz referências contínuas à ‘sharia’ (lei islâmica) e ‘nahda’ – um renascimento islâmico que abrange todos os âmbitos – para Egito.

Assim como Abul Futuh e Amr Moussa, que se apresentam como candidatos de todos os egípcios, Mursi concentrou sua campanha em conseguir o voto dos seguidores da Irmandade Muçulmana e captar o respaldo dos indecisos nas zonas humildes.

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Com suas maneiras simples, este homem tímido, que não esconde as raízes rurais, sofre o estigma de ser considerado um candidato por acidente da Irmandade Muçulmana, pois entrou na corrida presidencial após desqualificarem a primeira opção do grupo, Khairat al Shater, por ter estado preso.

Muitos comparam Mursi a Shater, um empresário carismático, e o acusam de imitar sua proposta do renascimento islâmico para o Egito. Dessa forma, os egípcios, sempre prontos para fazerem piadas, não demoraram a denominar Mursi como ‘estepe’.

Nascido em 20 de agosto de 1951 em uma família de classe média no povo de Al Adwa, no Delta do Nilo, Mursi desenvolveu uma carreira brilhante dentro da Irmandade, em paralelo à de engenheiro. Entre 1985 e 2010, foi chefe do departamento de Engenharia da Universidade de Zagazig, onde retornou após ter trabalhado como professor universitário na Califórnia (EUA) por três anos.

No final dos anos 70, começou a se aproximar da ideologia da Irmandade Muçulmana e em 1979 filiou-se ao grupo, onde iniciou seu trabalho no departamento religioso. Pouco a pouco, foi escalando postos até que em 1995 se tornou membro do Conselho Consultivo, o principal órgão de decisão.

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Desde 1995 até 2005, foi deputado no Parlamento e chegou a ser porta-voz do grupo na Câmara, já que durante o regime de Hosni Mubarak a organização era ilegal e apresentava seus candidatos como independentes. Nas eleições de 2005, Mursi perdeu seu assento e um ano depois foi preso durante seis meses por apoiar as manifestações de juízes reformistas que denunciaram o pleito de fraude.

Mursi é um ‘irmão’ muito ativo e se concentrou em seu projeto político, como em 2007, quando ajudou na elaboração do programa do grupo político que defendia que a Presidência da República só podia ser exercida por um homem muçulmano.

Durante a revolução que derrubou Mubarak em fevereiro de 2011, o político foi detido na prisão de Wadi el Natrun, ao norte do Cairo, embora tenha saído da prisão dois dias depois pelo caos gerado nos presídios, após a saída dos agentes. Em 30 de abril de 2011, Mursi renunciou ao posto no Conselho Consultivo dos Irmãos para se transformar em presidente da primeira formação política do grupo, o PLJ.

Enquanto a aliança com a Irmandade Muçulmana é uma de suas forças, é também um de seus pontos fracos, já que alguns setores temem que só um partido controle o Parlamento, o Governo e a Presidência, como ocorreu na época de Mubarak. Além disso, os Irmãos foram muito criticados por apresentar um candidato presidencial quando tinham comprometido a não fazê-lo.

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Assim, o destino de Mursi está unido ao da Irmandade no Egito, onde todas as possibilidades estão abertas. EFE

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