Ucrânia pode ficar sem munição para lutar contra Putin, reconhece Otan
De acordo com as autoridades, Kiev usa equipamentos e munições em velocidade maior do que a capacidade de reposição dos aliados

O Reino Unido e a Otan confirmaram que as potências militares ocidentais estão ficando sem munições para fornecer à Ucrânia para lutar contra as tropas russas em seu território. O almirante Rob Bauer, oficial militar mais graduado da Otan, disse ao Fórum de Segurança de Varsóvia que “o fundo do barril é visível”.
Bauer afirmou ainda que os governos e os fabricantes de defesa agora precisam “aumentar a produção em um ritmo muito mais rápido”. Segundo o almirante, que preside o Comité Militar da Otan, décadas de subinvestimento impactaram os arsenais dos países da organização, que começaram a fornecer armas à Ucrânia com os seus armazéns de munições com metade da capacidade.
“Precisamos de grandes volumes. A entrega just-in-time e suficientemente justa que construímos juntos em 30 anos nas nossas economias liberais é adequada para muitas coisas – mas não para as forças armadas quando há uma guerra em curso”, disse o almirante.
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O ministro da Defesa do Reino Unido, James Heappey, também afirmou que os arsenais militares ocidentais “parecem um pouco escassos” e pressionou os aliados da Otan a gastar 2% da sua riqueza nacional na Defesa, como se tinham comprometido a fazer. Ele disse que o modelo just-in-time “definitivamente não funciona quando você precisa estar pronto para a luta de amanhã”.
“Não podemos parar só porque nossos estoques parecem um pouco escassos”, disse Heappey. “Temos que manter a Ucrânia na luta esta noite e amanhã e depois de amanhã e depois de amanhã. E se pararmos, isso não significa que Putin irá parar automaticamente.”
A Ucrânia dispara milhares de projéteis todos os dias e a maioria agora vem da Otan. O Ministério da Defesa do Reino Unido afirma que desde o início da invasão, em fevereiro de 2022, o país forneceu mais de 300 mil cartuchos de munição de artilharia e está empenhado em fornecer “dezenas de milhares mais” até ao final do ano. No mesmo período, os Estados Unidos deu à Kiev mais de dois milhões de munições de artilharia padrão da Otan de 155 mm.
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A dependência ucraniana das munições americanas é tão significativo que existem preocupações reais entre os aliados da Otan sobre a possibilidade de Donald Trump ser reeleito presidente no próximo ano. Analistas temem que o apoio militar dos EUA possa diminuir se o ex-presidente voltar ao poder.
Apesar das tentativas de aumentar a produção, a Ucrânia ainda usa munições mais rápido do que os aliados conseguem substituí-las. Em contraste, especialistas dizem que a Rússia parece muito mais capaz de preparar a sua economia em tempo de guerra para reabastecer seus arsenais.