Turquia responde a novo ataque da Síria
"Não temos absolutamente nenhum interesse em entrar em guerra. Mas também não estamos longe de um conflito", disse o premiê turco Recep Tayyip Erdogan
Pela segunda vez nesta semana, a Turquia respondeu a um ataque sírio. Nesta sexta-feira, o Exército turco revidou ataques na província de Hatay. A operação não deixou feridos, segundo emissoras de TV do país. Na quarta-feira, um ataque proveniente do território sírio deixou cinco cidadãos turcos mortos. O governo sírio, inicialmente, disse que investigaria a origem do ataque, mas depois admitiu ter sido responsável pelo bombardeio que atingiu o povoado de Akcakale, e pediu desculpas.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março de 2011 para protestar contra o regime de Bashar Assad.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram milhares de pessoas no país.
- • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.
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Nesta sexta, o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, lançou uma advertência ao regime sírio ao manifestar que, embora não deseje entrar em guerra, o ataque de Damasco coloca os dois países à beira de um confronto armado.
“Não temos absolutamente nenhum interesse em entrar em guerra. Mas também não estamos longe de um conflito. Esta nação presenciou guerras intercontinentais e lutou para chegar onde está hoje”, afirmou Erdogan, em declarações transmitidas pela emissora NTV.
“Nosso lema é ‘paz em casa, paz no mundo’, mas há outro provérbio muito bom. ‘Se quer paz, prepare-se para guerra’ e, neste caso, a guerra é a chave para a paz”, reiterou o primeiro-ministro turco, acrescentando que o ditador sírio, Bashar Assad, estaria cometendo um erro fatal se escolhesse a Turquia para brigar.
Ontem, o premiê turco havia ressaltado que a Turquia não tem a intenção de iniciar uma guerra contra a Síria. A declaração foi dada após o parlamento aprovar uma resolução que autoriza o governo a realizar operações militares no país vizinho.
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O premiê turco cultivava boas relações com o ditador sírio, mas se tornou um crítico severo do seu regime após a revolta popular na Síria que começou no ano passado, acusando Assad de criar um “estado terrorista”. Erdogan tem permitido que os rebeldes sírios se organizassem na Turquia e pressionou a criação de uma zona de segurança protegida por forças internacionais dentro da Síria.
Oposição síria – Abdulbaset Seida, presidente do Conselho Nacional Sírio (CNS), organização que diz representar a oposição síria não armada, disse hoje que “o regime sírio procura estender o conflito a toda região”. O objetivo, segundo ele, seria fazer parecer que a oposição que enfrenta internamente é fruto de tensões étnicas e religiosas. O opositor de Assad disse ainda que o conflito surgiu pelas más condições de vida e a pobreza no país.
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(Com Agência Reuters e EFE)