Turquia proíbe acadêmicos de viajarem para o exterior
A medida vem um dia após o governo pedir a renúncia de 1.577 reitores de universidades, como forma de banir possíveis apoiadores do golpe militar fracassado
O governo da Turquia proibiu todos os acadêmicos do país de viajarem para o exterior para fins de pesquisa ou estudo, segundo anunciou a TV estatal TRT nesta quarta-feira. A medida é mais uma reposta à tentativa frustrada de golpe militar da última sexta-feira.
A limpa do governo do presidente Recep Tayyip Erdogan em órgãos públicos, para evitar novas conspirações e punir possíveis envolvidos no golpe falho, já suspendeu mais de 50.000 pessoas de seus cargos. Na terça-feira, 1.577 reitores de universidades turcas foram obrigados a renunciar seus postos, além de 21.000 professores e 15.000 funcionários do Ministério da Educação.
De acordo com um oficial do governo não identificado, a proibição de viagens é apenas “temporária”. “Como é de conhecimento geral, as universidades sempre foram cruciais para as juntas militares na Turquia e certos indivíduos são suspeitos de estarem em contato com células rebeldes do exército”, comentou ao jornal The Washington Post. Opositores de Erdogan acreditam que o presidente possa estar usando o momento de tumulto como uma desculpa para acabar com os últimos vestígios de oposição ao seu governo.
Nesta quarta-feira, Erdogan realizará suas primeiras reuniões oficiais com o conselho de segurança da Turquia desde que voltou à capital Ancara, depois do golpe frustrado. O governo anunciou que irá divulgar uma “decisão importante” após o encontro, o que aumentou as expectativas de novas medidas para conter os opositores e punir os possíveis conspiradores do episódio de sexta-feira.
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Wikileaks — A agência reguladora de telecomunicações da Turquia anunciou hoje o bloqueio do site WikiLeaks, horas depois de a página divulgar quase 300.000 e-mails do partido governista. O site afirmou que estava levando a público os documentos, que podem conter materiais que prejudiquem o governo de Erdogan, antes do planejado “em resposta aos expurgos pós-golpe ”. A fonte dos e-mails não está ligada aos mentores do golpe nem a um partido ou Estado rival, disse o site.
(Com agência Reuters)