Trumpistas têm estratégia para questionar o resultado das eleições caso Kamala vença
Com 239 indivíduos que promovem teorias da conspiração sobre as eleições concorrendo à cargos políticos, o risco de interferência na contagem dos votos aumenta
À medida que as eleições presidenciais dos Estados Unidos se aproximam, aumentam as preocupações sobre possíveis interrupções na contagem dos votos, impulsionadas por alegações infundadas de fraude eleitoral de apoiadores do ex-presidente Donald Trump.
Uma pesquisa recente do Center for Media and Democracy (CMD) revelou que 239 indivíduos que promovem teorias da conspiração sobre a integridade das eleições estão concorrendo a cargos políticos este ano.
Esse grupo de apoiadores de Trump se candidatou a cargos variados, desde vagas no Congresso e assembleias estaduais até líderes de partidos republicanos e membros de conselhos eleitorais em oito estados decisivos — Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Novo México, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin.
“O que foi impressionante para nós sobre nossa pesquisa é o quanto o negacionismo eleitoral e a mentira da fraude eleitoral se infiltraram e assumiram o partido republicano em cada um desses estados críticos”, disse o diretor executivo da CMD, Arn Pearson.
Estratégia renovada
Para além das alegações de fraude sem provas que marcaram a eleição de 2020, a nova tática também mira na obstrução dos processos de registro de eleitores, contagem e certificação dos votos.
Com a margem de vitória esperada para ser mínima, o risco de que os apoiadores do candidato republicano possam tentar interferir na contagem de votos aumenta. A pesquisa da CMD apontou que existem mais de 100 negacionistas eleitorais atualmente ocupando cargos em conselhos eleitorais, podendo influenciar a maneira como o voto é contado e certificado. A maioria deles está concentrada no estado da Pensilvânia, considerado o mais decisivo para a ascensão à Casa Branca.
Os membros dos conselhos eleitorais podem interromper a contagem de votos ao se recusarem a certificar os resultados, com a intenção de atrasar ou contestar uma possível vitória acirrada da vice-presidente Kamala Harris. Em 2020, dois membros republicanos do conselho eleitoral do condado de Wayne, no estado de Michigan, se recusaram brevemente a certificar os resultados.
“Com 102 negacionistas nos conselhos eleitorais nos estados decisivos, o potencial de criar caos é enorme”, acrescentou Pearson. “A grande ameaça é que isso criará uma atmosfera semelhante, ou ainda pior, da que levou à invasão do Capitólio em 6 de janeiro.”
“Nosso foco principal não é levar as pessoas para votar. É garantir que eles [democratas] não trapaceiem, porque nós temos todos os votos de que precisamos”, disse Trump durante um comício na Carolina do Norte no mês passado. O ex-presidente já havia afirmado que só aceitará o resultado “se a eleição for justa”, uma definição subjetiva.