As pesquisas eleitorais dos Estados Unidos têm pintado um cenário acirradíssimo entre a vice-presidente Kamala Harris e o ex-presidente Donald Trump. Na média nacional das sondagens, divulgada pelo jornal americano The New York Times, eles aparecem cabeça a cabeça — a democrata com 49%, contra 48% do republicano, um empate técnico, na prática. Há um espaço, ainda assim, em que o panorama é, e muito, diferente. Nas casas de apostas, clientes estão confiantes de que o empresário sairá vitorioso da queda de braço, retomando o comando da Casa Branca.
Na semana passada, o próprio Trump destacou que lidera por “65 a 35, ou algo assim” nas “pesquisas de apostas”, como chamou as avaliações desse mercado. Ele não está errado. Um levantamento conduzido pelo jornal britânico The Guardian mostrou que, enquanto as sondagens oficiais indicam um pleito de margens apertadas, as previsões de plataformas de apostas apontam para um triunfo tranquilo para o magnata americano.
Na Pollymarket, líder do setor, Trump aparece com 67%; Kamala, com 33%. A diferença gritante dos resultados levou o ex-presidente e seus aliados, como o empresário Elon Musk, a defender que as casas de apostas estão certas, não os veículos de comunicação. A descrença também ganha terreno em um cenário de polarização política.
A empreitada, sobretudo, pode ser lucrativa. Dados do jornal britânico mostram que apostas em Trump, por exemplo, realizadas nesta quarta-feira, 30, na Pollymarket renderiam 1 dólar para cada 67 centavos apostados se ele ganhasse a eleição. No caso de Harris, o valor seria de 1 dólar para cada 33 centavos apostados em caso de vitória.
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Querer x achar: a diferença por trás dos resultados
Há uma diferença central nas perguntas por trás das pesquisas eleitorais e das casas de apostas. Enquanto os entrevistados indicam qual candidato querem que vença, os apostadores escolhem quem acham que vencerá. Há quem defenda que os inquiridos usam seus corações, ao passo que os jogadores teriam uma visão racional, o que também é questionável (a ver o que as urnas dirão em 5 de novembro, data do pleito americano).
As pesquisas eleitorais têm histórico de erros. Caso a amostra seja pequena e não representativa da população, pode aferir resultados diferentes da realidade. De última hora, também podem surgir riscos de oscilações e padrões de comparecimento incalculados. É fato que Trump teve um desempenho melhor do que o esperado nas eleições de 2016 e 2020, ainda que tenha saído derrotado da última. Não é viável, então, cravar um resultado. Mas é possível dizer, sim, que as boas sondagens são conduzidas pela ciência — um pilar indispensável para a democracia.