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Trump terá maioria no Congresso — mas não deve ter vida fácil

Os atritos entre o presidente e o Congresso devem ser realçados quando chegar o momento de negociar leis que simplesmente contrariam a agenda republicana

Por Diego Braga Norte Atualizado em 10 nov 2016, 07h23 - Publicado em 9 nov 2016, 13h55

O futuro chefe do Poder Executivo americano, Donald Trump, vai assumir a Presidência em 20 de janeiro numa situação aparentemente confortável, com a maioria de congressistas republicanos na Câmara e no Senado. A palavra que precisa ser frisada é justamente “aparentemente”, pois o fato de o novo presidente ter a maioria legislativa não significa que ele terá vida fácil nas negociações políticas com o Congresso. Além disso, Trump não é (ainda) político. Por mais habilidade que o magnata possa ter numa negociação comercial, a política é completamente diferente dos negócios. O terreno político é mais pantanoso, com nuances muitas vezes apenas subentendidas, mais importantes que o fatos aparentes; um ambiente que exige recuos estratégicos e repleto de alianças tênues.

As propostas de Trump que historicamente fazem parte da agenda republicana devem ser aprovadas sem grandes dificuldades, evidentemente. Por exemplo: assim como seu partido, ele defende uma redução de impostos pagos tanto pela classe mais rica quanto pelos pobres. Também é favorável a conceder isenção de imposto de renda aos americanos com renda inferior a 25.000 dólares anuais — projeto igualmente encampado por muitos republicanos.

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No entanto, os atritos na relação do presidente com o Congresso devem ser realçados quando chegar o momento de negociar a aprovação de leis que simplesmente contrariam as propostas defendidas pelos republicanos. Algumas mudanças defendidas por Trump durante a campanha — especialmente nas questões comerciais e no famigerado muro na fronteira com o México — não deverão ter vida fácil no Congresso. Outras, como a deportação de imigrantes ilegais e o fim do Obamacare (assistência médica subsidiada para os pobres), podem ser até abandonadas de tão politicamente custosas e socialmente complexas.

Quando se trata de políticas econômicas, existem algumas diferenças cruciais entre Trump e o restante do Partido Republicano. O futuro presidente se opõe ao acordo comercial que Barack Obama está negociando com os países banhados pelo Oceano Pacífico. O chamado TPP (Trans-Pacific Partnership, ou Parceria Trans-Pacífica) busca acabar com as tarifas comerciais para reduzir o custo de importação e exportação e ajudar a tornar as empresas americanas mais competitivas no exterior. O magnata argumenta que o acordo vai colocar os fabricantes americanos em desvantagem. Em geral, políticos republicanos concordam com Obama sobre a importância do comércio livre e expandido, mas Trump poderia paralisar a negociação do acordo.

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Trump também promete uma “guerra econômica” contra a China, país que acusa de realizar “comércio desleal” contra os EUA e manipular sua moeda. Por isso, o futuro presidente planeja maiores tarifas em importações de serviços e bens do gigante asiático. Muitas empresas americanas que se beneficiam dos baixos custos de produção na China (a Apple, por exemplo) são contra os planos de Trump, assim como muitos republicanos.

O muro da discórdia — Durante sua campanha para a Casa Branca, o magnata afirmou que pretende construir um muro na fronteira com o México para conter a imigração ilegal. A barreira ainda deveria ser bancada pelo governo vizinho. Caso os mexicanos se recusem a construir o muro, diz o bilionário, haverá bloqueio dos dólares enviados pelos imigrantes que vivem nos EUA às suas famílias. Não contente, Trump disse que pretende expulsar os 11 milhões de imigrantes ilegais do país, e ainda proibir a entrada de muçulmanos para se proteger contra o terrorismo. As propostas, além de esbarrarem em questões financeiras e legais (a Constituição do país proíbe discriminar as pessoas por sua religião), provocam arrepios entre muitos republicanos.

Em um editorial, a revista britânica Economist afirma que uma eventual expulsão dos imigrantes ilegais custaria, no mínimo, 285 bilhões de dólares (mais de 1 trilhão de reais). A publicação chegou a esse número atribuindo o custo de 900 dólares – subestimado, ressalta – para cada imigrante deportado. O muro também custaria bilhões de dólares e obviamente o México se recusaria a pagar por ele.

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