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Trump diz que seu ex-advogado ‘mentiu muito’ para o Congresso

Michael Cohen chamou o presidente americano de "racista, vigarista e trapaceiro" e disse que Trump se envolveu em irregularidades

Por Da Redação
28 fev 2019, 13h04

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou seu ex-advogado Michael Cohen de mentir durante o testemunho que deu ao Congresso na quarta-feira 27. Diante dos deputados, Cohen afirmou que seu ex-cliente é “racista, vigarista e trapaceiro” e ainda revelou detalhes sobre mentiras de Trump para escapar do serviço militar obrigatório, esconder seu histórico escolar e subornar supostas amantes.

“Ele mentiu muito”, afirmou Trump à imprensa em Hanoi, no Vietnã, depois do fim abrupto de suas negociações com o ditador norte-coreano Kim Jong-un. O presidente americano insistiu que o depoimento de Cohen não forneceu evidências, e sim suspeitas, de uma cooperação do republicano com a Rússia durante a campanha presidencial de 2016.

Trump teria comandado negociações para construir uma Trump Tower em Moscou quando já era candidato do Partido Republicano. Ele nega qualquer vínculo comercial com os russos, mas algumas das provas que condenaram Cohen à prisão, no final do ano passado, comprovam que as conversas entre funcionários do presidente e o governo da Rússia se estenderam até pelo menos junho daquele ano, e não janeiro, como o ex-advogado afirmou em um primeiro momento. Pela mentira, o ex-advogado foi considerado culpado de falso testemunho.

O presidente americano ainda reclamou que a série de declarações desviou as atenções de sua reunião com Kim, que buscava avanços nos acordos de paz entre os dois governos. “Acho que ter um testemunho falso como esse e ainda no meio dessa importante cúpula é realmente algo terrível”, disse, insistindo que a investigação sobre a suposta conivência com os russos é uma “fraude” e uma “caça às bruxas.”

Cohen, de 52 anos, admite que não tem provas diretas de que Trump ou sua campanha firmaram acordo com os russos e em fala ao Comitê de Supervisão e Reforma da Câmara, afirmou que se arrepende de ter sido leal ao presidente. No passado, o ex-advogado chegou a afirmar que “tomaria um tiro” pelo republicano e foi condenado à prisão por acobertar as negociatas de sua campanha e depois mentir ao Congresso para protegê-lo.

“Estou envergonhado por ter escolhido participar dos atos ilícitos de Trump ao invés de ouvir minha própria consciência”, afirmou Cohen, “ele é um racista. Ele é um vigarista. Ele é um trapaceiro”, enfatizou.

O ex-advogado garantiu que apresentará algumas provas “irrefutáveis” dos erros de Trump, incluindo um cheque de suborno pago a duas mulheres pouco antes da eleição de 2016. As duas seriam amantes antigas do então candidato. Ele ainda revelou que o presidente foi informado com antecedência sobre os planos do WikiLeaks de publicar o material que prejudicou a campanha da democrata Hillary Clinton.

As frases de Cohen

Michael Cohen também foi agressivo em suas declarações sobre a personalidade de Trump. Segundo ele, o racismo do presidente, acusado em suas medidas contra imigrantes, “é ainda pior” na vida privada. O republicano já teria dito que os negros “nunca votariam porque eram burros demais” e perguntou ao funcionário se “ele conseguia citar um país dirigido por uma pessoa negra que não fosse um ‘buraco de merda'”, ainda durante o mandato de Barack Obama

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O ex-advogado ainda contou sobre como Trump manipulava seu patrimônio em benefício próprio. Em certos momentos para burlar as regras tarifárias, e em outros para parecer ainda mais rico. “O senhor Trump é um trapaceiro. Segundo a minha experiência, ele inflava seus ativos totais quando era útil, por exemplo para aparecer entre as pessoas mais ricas da Forbes, e os desinflava para reduzir seus impostos.”

Ele ainda contou sobre os subornos que intermediou para o republicano e se mostrou culpado por compactuar com mentiras para a primeira-dama dos Estados Unidos, Melania. “O senhor Trump é um fraudador. Me pediu que pagasse a uma estrela de cinema pornô com quem teve um caso, e que mentisse à sua esposa a respeito, o que fiz. Mentir à primeira-dama é um dos meus maiores arrependimentos. É uma pessoa amável e boa. Eu a respeito muito e não merecia isso.”

As escolas e universidades em que o presidente estudou também estão entre os alvos de suas chantagens e ameaças, segundo Cohen. Trump não queria que nada contestasse sua auto-elogiada inteligência. “Quando digo fraudador, estou falando de um homem que se declara brilhante, mas mandou que eu ameaçasse sua escola de ensino médio, suas universidades e o College Board (que reúne entidades de educação superior) para que nunca publicasse suas qualificações, nem a pontuação do SAT (a prova padronizada de ingresso).”

Ainda nas palavras dele, a vitória nas eleições intensificou o ego de Trump, “que não tinha o desejo, nem a intenção de liderar a nação, só de se promover e construir sua riqueza e poder.” “Trump é um enigma. É complicado, assim como eu. Tem coisas boas e ruins, como todo mundo. Mas o lado ruim supera com folga o bom, e desde que assumiu o cargo, se tornou a pior versão de si mesmo”.

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(com AFP)

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