A Grã-Bretanha pôs fim nesta sexta-feira a seis anos de presença militar no Iraque, que começou com a invasão liderada pelos Estados Unidos para derrubar o presidente Saddam Hussein em 2003.
Segundo o acordo assinado no ano passado entre Bagdá e Londres, os efetivos britânicos que permaneciam no Iraque – e que eram 46.000 em 2003 – deixaram o país esta semana, anunciou o porta-voz da embaixada da Grã-Bretanha à agência France-Presse.
Mas o Parlamento iraquiano não pôde votar antes das férias – que terminam em 8 de setembro – um novo acordo entre Londres e Bagdá que teria permitido que um pequeno contingente britânico permanecesse no país para formar a marinha iraquiana.
Este grupo, uma centena no total, foi para o Kuwait ficar à espera da aprovação da medida pelo Parlamento.
A maioria das tropas estava baseada na região meridional de Basra.
Durante o mandato do primeiro-ministro Tony Blair, a Grã-Bretanha foi um aliado importante dos Estados Unidos quando o presidente George W. Bush ordenou a invasão do Iraque em março de 2003.
Durante esses seis anos, 179 soldados britânicos morreram no Iraque.
A retirada britânica acontece um dia depois de o governo de Londres ter aberto formalmente o inquérito sobre a participação na guerra do Iraque, com o anúncio de que o ex-primeiro-ministro Tony Blair, que envolveu o país no conflito, será chamado para depor.
O responsável máximo pela investigação, Sir John Chilcot, confirmou que Blair, que apoiou a invasão do Iraque, vai figurar entre as testemunhas que vão depor ante a comissão investigadora.
Chilcot prometeu que a comissão, com conclusões a serem publicadas no mais tardar no final de 2010, não hesitará em mostrar-se crítica, e anunciou que viajará pessoalmente ao Iraque e aos Estados Unidos para se reunir com dirigentes políticos de ambos os países.
“Se descobrirmos que foram cometidos erros, diremos abertamente”, declarou.
O primeiro-ministro Gordon Brown havia anunciado em junho passado a abertura de uma investigação independente para estudar uma das páginas mais controvertidas da história recente do país.
Blair se declarou disposto a cooperar plenamente, mas a impopularidade do conflito foi um dos motivos primordiais de sua saída do poder, em 2007.
Chilcot reafirmou que as audiências serão públicas, o mais frequentemente possível, e até disponíveis na internet. Mas por motivos de segurança nacional, alguns depoimentos seriam a portas fechadas.
A organização “Stop The War Coalition” considerou, no entanto, que este sistema permitiria esconder a verdade ao público.
“A população britânica tem o direito de saber como e quando foi tomada a decisão de entrar em guerra, mas depoimentos importantes serão dados a portas fechadas e ninguém prestará juramento”, destacou a coalizão, dizendo-se “quase certa” de que Blair vai depor a portas fechadas.
(Com agência France-Presse)