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Tribunal mantém sentença de 50 anos de prisão contra Charles Taylor

Ex-presidente da Libéria foi o primeiro ex-chefe de estado condenado por crimes contra a humanidade desde a II Guerra Mundial

Por Da Redação
26 set 2013, 10h37

O Tribunal Especial para Serra Leoa (Tesl) manteve nesta quinta-feira a pena do ex-presidente da Libéria Charles Taylor, que havia sido condenado a 50 anos de prisão por crimes contra a humanidade em um julgamento inédito em 2012.

“A sala de apelação confirma a condenação a 50 anos de prisão”, declarou o juiz George King, em uma audiência pública em Leidschendam, perto de Haia, na Holanda. A corte desconsiderou as alegações da defesa no recurso e afirmou que a promotoria não cometeu erros.

Taylor, de 65 anos, foi considerado culpado em abril de 2012 por apoiar e estimular uma campanha de terror para assumir o controle de Serra Leoa, país vizinho da Libéria, abastecendo com armas, munições e ajuda logística a Frente Revolucionária Unida (FRU), em troca de diamantes.

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A condenação do presidente havia sido considerada um marco, já que foi a primeira vez desde a II Guerra Mundial que um ex-chefe de estado foi condenado por crimes contra a humanidade por uma corte internacional. O Tribunal Especial para Serra Leoa foi formado em 2002 pelo governo do país, e conta com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU). As audiências do tribunal normalmente são realizadas em Haia, Nova York e em Serra Leoa. Depois da confirmação da sentença, Taylor deve passar a cumprir a pena em uma prisão na Grã-Bretanha.

Histórico – Charles Ghankay Dahkpannah Taylor nasceu em 1948 num subúrbio rico de Monróvia, em uma família da etnia Gios, que comandou a Libéria desde a independência, em 1822, até 1980. Ele é filho de pai negro americano e de mãe liberiana. Formado em economia no Bentley College, de Massachusetts, ele entrou em 1979 no serviço público liberiano, onde foi rapidamente chamado de “super bonder” por sua propensão a desviar grandes quantidades do dinheiro que passavam por suas mãos.

Durante os anos 1990, Taylor provocou uma série de conflitos violentos em parte da África Ocidental. Ao voltar ao seu país de origem (Libéria) depois de passar seis meses em fuga por ser acusado de corrupção e desvio de dinheiro, Taylor iniciou uma das mais atrozes guerras civis do continente africano. Em 1989, ele montou um grupo de combatentes com recrutamento forçado de crianças e iniciou um confronto com pelo menos sete facções rivais na região – das quais a sua (NPFL) era uma das mais temidas.

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Seus combatentes, geralmente drogados, foram acusados das mais bárbaras matanças e atrocidades, mutilações, estupros e, inclusive, atos de canibalismo. Em 1997, depois de um acordo assinado sob o patrocínio da comunidade internacional, os liberianos o elegeram presidente. Principal chefe de guerra do país, ele se apresentou como o único capaz de acabar com o terror. O slogan de seus partidários era o seguinte: “Matei seu pai, matei sua mãe, vote em mim!”.

Dois anos depois, no entanto, os problemas começaram para Taylor, com o início da rebelião dos Liberianos Unidos pela Reconciliação e a Democracia (LURD) no norte do país. Apoiado por vários países vizinhos e extraoficialmente pelos Estados Unidos, o LURD avançou na direção de Monróvia. A guerra acabou depois de três meses de cerco da capital, de junho a agosto de 2003. Sob pressão, Taylor deixou o poder e o país em 11 de agosto de 2003 para um exílio dourado na Nigéria, pondo um fim a 14 anos de conflitos que deixaram cerca de 300.000 mortos e centenas de milhares de deslocados.

Ele também é acusado de ter desestabilizado toda a região. Taylor já havia sido responsabilizado por crimes de guerra e contra a humanidade, em junho de 2003, pelo Tribunal Especial para Serra Leoa (TESL), ante as suspeitas de que apoiava a rebelião Frente Revolucionária Unida (RUF) neste país desde março de 1991. A justiça só alcançou Taylor em 2006, quando ele foi detido e levado a Haia.

(Com agência France-Presse)

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