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Transição no Egito está por um fio na véspera do 2º turno

Governo invalidou os resultados das legislativas - decisão vista como 'golpe'

Por Da Redação
15 jun 2012, 11h21

A transição para a democracia no Egito entrou em perigo nesta sexta-feira após a invalidação das eleições legislativas vencidas pelos islamitas, cujo candidato enfrenta no segundo turno da eleição presidencial uma figura do antigo regime. A decisão da Corte Constitucional de invalidar os resultados da votação por uma brecha na lei eleitoral foi descrita pelos islamitas e por forças políticas do movimento revolucionário como um verdadeiro “golpe de estado” orquestrado pelos militares no poder. A anulação da Assembleia pode realmente permitir que o Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) assuma o Legislativo, como foi o caso no período entre a queda de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011, e a primeira sessão do novo Parlamento, um ano depois.

Entenda o caso

  1. • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, egípcios iniciaram, em janeiro, sua série de protestos exigindo a saída do então presidente Hosni Mubarak.
  2. • Durante as manifestações, mais de 800 rebeldes morreram em choques com as forças de segurança de Mubarak que foi condenado por premeditar essas mortes.
  3. • Após 18 dias de levante popular, em 11 de fevereiro, o ditador cedeu à pressão e renunciou ao cargo, deixando o Cairo; em seu lugar assumiu a Junta Militar, que segue no poder até o fim das eleições.

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“O cenário da contrarrevolução é muito claro, após uma série de episódios: as absolvições durante o julgamento de Mubarak (2 de junho), a decisão de dar à polícia militar e à inteligência militar o poder de prender civis e, finalmente, a invalidação do Parlamento”, declarou um coletivo de partidos de esquerda, laicos e liberais. “Todas essas medidas mostram que o CSFA está determinado a reproduzir o antigo regime e que a eleição presidencial não passa de uma farsa criada para permitir que o CSFA fortaleça o seu controle sobre a máquina do estado para beneficiar o candidato do antigo regime, Ahmad Shafiq”, denunciaram os partidos em um comunicado. O jornal independente Al-Tahrir escreveu em sua manchete “Golpe de Estado jurídico”, enquanto o jornal Al-Churuq indicou que a justiça tinha “devolvido todos os poderes ao CSFA”. “O que aconteceu remonta ao dia 24 de janeiro de 2011, às vésperas da revolução contra Mubarak”, dizia o editorial.

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Candidatos – O candidato à presidência da Irmandade Muçulmana, Mohamed Mursi, anunciou que respeitava a decisão da Corte – que também derrubou uma lei que privava os pilares do antigo regime dos seus direitos civis, permitindo que Ahmed Shafiq, o último primeiro-ministro de Mubarak, permanecesse na corrida presidencial. “O povo egípcio que elegeu em liberdade e transparência seus representantes é capaz de reeleger outros que irão proteger as conquistas da revolução que certas pessoas querem confiscar”, declarou o presidente da Assembleia do Povo, o islamita Saad Ketatni. “O povo está determinado a proteger sua revolução dos corruptos do antigo regime”, acrescentou Mursi durante uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira.

Shafiq, que ficou em segundo lugar no primeiro turno em maio, depois de uma campanha focada no tema da restauração da segurança, intensificou nos últimos dias as promessas de “reconstruir um estado e uma economia modernas”, “lançar grandes projetos para reduzir o desemprego” e “garantir as liberdades individuais e de imprensa”. Os críticos de Shafiq, um general da reserva, consideram-no o “candidato dos militares”. De acordo com a lei eleitoral, os dois candidatos do segundo turno, que será disputado neste sábado e no domingo, são obrigados a permanecer em silêncio a partir do meio-dia desta sexta-feira. Para incentivar os cerca de 50 milhões de eleitores para ir às urnas, as autoridades declararam sábado e domingo feriados. E o Ministério do Interior anunciou um forte esquema de segurança para evitar possíveis problemas.

(Com agência France-Presse)

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