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Torre de David, a favela de 45 andares de Caracas

Edifício inacabado invadido em 2007 abriga hoje cerca de 3.000 pessoas

Por Da Redação
4 abr 2014, 02h22

São 45 andares com vista para as montanhas, uma localização privilegiada no Centro de Caracas e um heliporto. A descrição, que parece apropriada para um prédio que abriga um hotel cinco estrelas, é da Torre de David, a imensa favela vertical que surgiu e floresceu na capital venezuelana nos anos do chavismo. Projetada como um centro comercial e financeiro, a torre, originalmente batizada de “Confinanzas Financial Center”, foi abandonada ainda inacabada em 1994, quando morreu seu construtor, o financista David Brillembourg, e o setor bancário da Venezuela passou por uma forte retração.

Em 2007, centenas de pessoas com dificuldades para adquirir um imóvel acabaram invadindo o esqueleto de concreto. As autoridades fizeram (e continuam a fazer) vista grossa. Hoje, 3.000 pessoas vivem no local. Vários habitantes de Caracas passaram a ver a torre como um símbolo da falência do Estado, do desrespeito à propriedade privada e do descontrole social do país. Mas seus habitantes afirmam gostar do local, que aparenta ser mais organizado e seguro do que as favelas da capital.

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Organização – Os moradores contam com milícias de seguranças financiados por uma taxa de condomínio de 200 bolívares (cerca de 73 reais), uma medida que serve para diminuir os efeitos do descontrole criminal na Venezuela – Caracas é está entre as cidades mais violentas do mundo. Ao longo dos corredores foram espalhados centenas de cartazes com as regras do local. A ordem é mantida por delegados espalhados por todos os andares, que dirigem uma espécie de minigoverno. Em entrevistas para a imprensa estrangeira, os moradores costumam afirmar que a organização permite afastar as gangues que assombram a periferia da capital. A torre também abriga lojas improvisadas, um consultório odontológico e um salão de beleza.

“Há muito mais ordem e menos crime aqui dentro do que lá fora”, diz Thais Ruiz, uma moradora do 27º andar, que abandonou um barraco em uma favela “comum” por causa da violência para viver em um apartamento de quatro quartos da Torre de David com seu marido e cinco filhos. Sua opinião é semelhante a de outros moradores, apesar da precariedade do local, que não conta com elevadores e cujas instalações elétricas e de água foram improvisadas pelos invasores. Os primeiros dez andares do prédio foram projetados para servirem como estacionamento e suas rampas podem ser vencidas com mototáxis, mas a partir do 11º andar os pisos são só acessíveis a partir das escadas. Apesar da própria invasão ser um indicador claro da ineficiência do governo venezuelano e seus moradores serem forçados a organizar tudo por contra própria, há sinais de apoio ao chavismo, como cartazes e fotos do coronel Hugo Chávez.

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Imagem – A curiosidade que o local desperta em cineastas e fotógrafos também ajuda a mascarar a natureza violenta de muitas invasões organizadas na capital e brigas entre facções rivais de sem-teto. Os moradores não permitem visitas de curiosos e quem quiser conhecer o edifício tem de entrar em contato com a “administração” da Torre David. Todas as visitas são acompanhadas por guias locais.

Uma imagem diferente foi mostrada na série de TV americana Homeland, que usou a Torre de David como cenário em uma sequência de episódios que mostravam o protagonista sendo mantido refém no local – embora as cenas internas tenha sido filmadas em Porto Rico, as externas incluíam imagens do prédio.

(Com agência Reuters)

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