Tio de Kim Jong-Un era ‘mulherengo’, diz Coreia do Norte
TV estatal exibiu imagens de Jang Song-Thaek sendo arrastado por policiais
A Coreia do Norte confirmou nesta segunda-feira que o poderoso tio de seu jovem ditador Kim Jong-Un foi destituído e a televisão estatal exibiu imagens de Jang Song-Thaek sendo arrastado por policiais uniformizados (veja abaixo). A agência de notícias estatal KCNA acusou Jang de corrupto, mulherengo e de utilizar drogas, além de liderar uma facção contrarrevolucionária. A KCNA também destacou que Jang foi destituído de todos os cargos e títulos.
Jang era “mulherengo” e mantinha “relações inapropriadas” com muitas mulheres, sendo “afetado pelo modo de vida capitalista”, afirma o comunicado. “Ideologicamente enfermo, extremamente ocioso e despreocupado, consumia drogas e gastava divisas estrangeiras em cassinos, ao mesmo tempo em que recebia tratamento médico em um país estrangeiro sob os cuidados do partido”, destaca a nota. Jang também foi acusado de dificultar a produção estatal norte-coreana de ferro, fertilizantes e vinalon – uma fibra sintética – ao vender recursos a preços baixos e “colocar o sistema de gestão financeira do Estado em confusão”.
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A rede de televisão estatal exibiu fotos de Jang sendo arrastado de seu assento em uma reunião por dois policiais – uma publicação extremamente rara de imagens humilhantes envolvendo um funcionário de alto escalão do governo. A transmissão durou cerca de cinco minutos, e se limitou a mostrar fotos de Jang Song-Thaek sendo levado. Apesar do serviço de inteligência sul-coreana ter revelado na semana passada que Jang Song-Thaek tinha sido expulso do governo, a agência estatal norte-coreana afirma que a decisão de expurgar o tio do ditador foi tomada no domingo em uma reunião do gabinete político do Comitê Central do Partido Comunista norte-coreano, que contou com a participação de Kim.
Não se sabe, porém, quando as imagens foram feitas e se o incidente ocorreu na reunião de domingo. Analistas afirmam que o principal papel de Jang foi garantir uma transição suave depois que o inexperiente Kim Jong-Un chegou ao poder após a morte de seu pai, Kim Jong-Il, em dezembro de 2011. No entanto, o ditador Kim Jong-Un sentia-se ameaçado pelo poder do tio. “Jong-Un construiu uma sólida base de poder nos últimos dois anos, e agora não precisa mais de um regente que parecia estar cada vez mais poderoso e ameaçador”, declarou Paik Hak-Soon, pesquisador do Instituto Sejong da Coreia do Sul.
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A agência sul-coreana de espionagem havia afirmado na semana passada que Jang aparentemente havia sido destituído de seu cargo e que dois assessores seus haviam sido executados em praça pública. O governo norte-coreano não confirmou as mortes, afirmou apenas ter “destituído Jang e expurgado seu clã”, segundo a KCNA. Em um comunicado com tom de advertência, o regime afirmou que Jang havia formado um grupo paralelo dentro do partido e havia nomeado homens leais a postos estratégicos com o objetivo de cumprir suas ambições políticas e tomar o poder.
Jang ocupava o cargo de vice-presidente da Comissão de Defesa Nacional, o órgão de decisão mais poderoso do país. Ele foi durante décadas uma das personalidades fundamentais do regime ditatorial governado por três gerações de Kim desde o fim da II Guerra Mundial.
(Com agência France-Presse)