Terceira cidade francesa proíbe uso de burquíni após tumulto
Depois de Cannes e Villeneuve-Loubet, a cidade de Sisco também baniu o burquíni, traje de banho usado por algumas mulheres muçulmanas
O prefeito de uma cidade da região da Córsega, na França, decidiu proibir o uso em suas praias do traje de banho islâmico, conhecido como burquíni, após violentos incidentes ocorridos no fim de semana. Jovens da ilha e três famílias muçulmanas entraram em confronto e pelo menos quatro pessoas ficaram feridas na confusão, de acordo com o Ministério do Interior.
Ange-Pierre Vivoni, da cidade de Sisco, é o terceiro prefeito francês a proibir o uso de burquíni neste verão. Vivoni disse à rádio France-Info nesta segunda-feira que a proibição é destinada a acalmar as tensões religiosas e proteger os muçulmanos.
De acordo com o jornal Le Monde, o conflito iniciou à beira da praia no sábado, quando o pai de uma família muçulmana de origem norte-africana reclamou com um adolescente que fez uma fotografia de sua mulher. Segundo testemunhas, uma discussão começou e os jovens envolvidos chamaram seus pais. Não há confirmação da polícia se havia alguma mulher vestindo um burquíni no local.
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O confronto na praia acabou tomando grandes proporções e uma multidão se uniu contra o grupo de muçulmanos, de acordo com o jornal The Guardian. O incidente só foi parado pela polícia quando cerca de 200 pessoas marchavam em direção a um conjunto habitacional onde vive um grande de número de norte-africanos, gritando “essa é a nossa casa”.
Segundo um procurador de Justiça da região, três carros foram incendiados e quatro pessoas precisaram ser levadas ao hospital. Cerca de 100 policiais responderam à confusão e um cordão de proteção foi montado para proteger as famílias muçulmanas.
O socialista Vivoni é o primeiro prefeito de um partido de esquerda a banir o burquíni na França. Cannes e a cidade de Villeneuve-Loubet também proibiriam recentemente o uso desse traje de banho, para evitar tumultos relacionados a questões religiosas. Por outro lado, políticos e grupos ativistas contrários à medida afirmam que as proibições são discriminatórias e poderiam agravar as tensões.
(Com Estadão Conteúdo)