Talibã intensifica ataques em três cidades estratégicas no Afeganistão
Uma eventual derrota da cidade de Kandahar, segunda maior do país, pode representar um duro golpe para o governo afegão
O Talibã continua fazendo progressos significativos no controle das províncias do Afeganistão após o início da retirada das tropas estrangeiras do país, em maio. No último domingo, os confrontos contra as forças do governo continuaram nas cidades de Kandahar, Herat e Lashkar Gah, no sul e no oeste afegão.
O destino dessas regiões é considerado crucial em meio a temores de uma crise humanitária e ditará os próximos passos pelo controle territorial. Estima-se que o grupo fundamentalista já tenha capturado mais da metade do território do Afeganistão, inclusive fronteiras consideradas lucrativas com o Irã e o Paquistão.
Em Lashkar Gah, a disputa continua nos interiores da cidade. Há relatos de que o grupo chegou a poucos metros da sede do governo antes de ser obrigado a recuar. Forças do governo afirmaram que bombardeios realizados pelos Estados Unidos em posições estratégicas mataram pelo menos uma dúzia de insurgentes.
Em Kandahar, segunda maior cidade afegã, dois mísseis atingiram a pista do aeroporto local, causando a interrupção de todos os voos. O complexo aeroportuário abriga uma base aérea essencial para o abastecimento das tropas do governo.
Segundo especialistas, o município tem sido o principal foco dos fundamentalistas, que pretendem fazer de lá sua capital. Além disso, o grande número de civis impede que o governo utilize de todo o seu poderio militar. Uma eventual queda de Kandahar seria um desastre para os ânimos de Cabul e levantaria dúvidas sobre sua capacidade de frear os avanços do grupo fundamentalista.
As tropas dos Estados Unidos e da OTAN ocuparam o Afeganistão em 2001 e tiraram o Talibã do poder. No entanto, mesmo com toda a presença militar estrangeira e bilhões de dólares de investimento no poderio militar nacional, o grupo conseguiu gradualmente recuperar sua força.
Em julho, o presidente americano Joe Biden afirmou que a retirada final de seu exército ocorrerá até dia 31 de agosto. Organizações humanitárias e ex-militares temem que o movimento faça com que os conflitos piorem nos próximos meses.