Yangun (Mianmar), 30 mar (EFE).- A líder do movimento democrático em Mianmar, Aung San Suu Kyi, denunciou nesta sexta-feira casos de violência e intimidação contra os candidatos de seu partido durante a campanha para as eleições legislativas parciais do próximo domingo.
‘Encontramos muitas irregularidades nesta campanha, mas seguiremos adiante porque é o que o povo reivindica’, afirmou a Nobel da Paz birmanesa em entrevista coletiva realizada em Yangun, onde concorre a uma cadeira no Parlamento.
Os birmaneses convocados às urnas decidirão 37 cadeiras na Câmara, seis no Senado e duas em dois Parlamentos regionais, em cadeiras que ficaram vagas após as eleições de 2010.
A Liga Nacional para a Democracia (LND), liderada por Suu Kyi, se apresenta pela primeira vez a eleições democráticas, tendo participado do processo legislativo pela última vez no pleito de 1990, que teve vitória dessa formação por arrasadora maioria e foi invalidada pelos militares.
A Nobel da Paz defendeu emendas à Constituição, que reserva aos chefes e oficiais das Forças Armadas 110 cadeiras do total da Câmara.
A Constituição, aprovada mediante um referendo convocado em 2008 pela junta militar de então, estabelece também que 56 das 224 cadeiras do Senado devem ser ocupadas por membros do grupo militar designados pelo chefe das Forças Armadas.
Estados Unidos, União Europeia, Japão e Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) anunciaram que enviarão equipes de observadores ao pleito de domingo.
O presidente da Comissão Eleitoral confirmou que a votação foi cancelada em três circunscrições do estado de Kachin, onde seriam eleitos três deputados, por motivo de segurança, perante os combates que sustentam o Exército e a guerrilha étnica.
A comunidade internacional aguarda a transcorrência das eleições para levantar ou manter as sanções impostas a Mianmar durante as décadas em que o país esteve governado por regimes militares que violavam sistematicamente os direitos humanos.
Mianmar esteve submetida a juntas militares desde 1962 até 2011, e atualmente é presidida pelo ex-general Thein Sein, último primeiro-ministro do anterior regime e impulsor das atuais reformas. EFE
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