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Suspeito de corrupção, rei emérito Juan Carlos deixará Espanha

Em março, o rei Felipe, atual monarca espanhol, já havia revogado a pensão anual de 194.000 euros do pai pelo escândalo

Por Da Redação
3 ago 2020, 17h21

A Casa Real da Espanha informou nesta segunda-feira, 3, que o rei emérito Juan Carlos decidiu deixar o país depois que passou a ser investigado por um escândalo de corrupção que teria acontecido durante o seu reinado.

“Guiado pelo meu desejo de fazer o melhor para servir o povo espanhol, as suas instituições e o rei, estou lhe informando da minha decisão de deixar a Espanha neste momento”, afirmou Juan Carlos em carta ao atual monarca espanhol e seu filho, o rei Felipe.

Desde março, após revelação do jornal suíço La Tribune de Genève, Juan Carlos está envolvido em um escândalo de sonegação de impostos envolvendo sua participação na negociação de um contrato ferroviário entre um consórcio de empresas espanholas e o governo da Arábia Saudita.

O contrato, que ao todo vale 6,7 bilhões de euros, foi selado em 2011, e o então rei Juan Carlos já teria sido pago pelos saudita até mesmo no mínimo três anos antes.

Segundo uma investigação em andamento na Suíça, Juan Carlos teria depositado 88 milhões de euros, descritos como “doação” da monarquia saudita, em uma conta offshore associada a um banco suíço.

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O portal de notícias espanhol El Confidencial relatou que o rei emérito sacou mensalmente dessa conta suíça 100.000 euros entre 2008 e 2012  para pagar despesas da família real.

Enquanto isso, as autoridades espanholas estão investigando desde junho se houve “relevância criminal” em ações de Juan Carlos após sua abdicação do trono, em 2014 — os monarcas espanhóis têm certas imunidades durante o seu reinado. O rei emérito ocupou o trono por quase 39 anos, mas perdeu sua imunidade ao abdicar.

O atual monarca da Espanha tem se distanciado de seu pai desde o início do escândalo. Já em março, Felipe renunciou à herança de Juan Carlos e revogou a pensão que o pai recebia de 194.000 euros (1,2 milhão de reais) dos cofres públicos por ano.

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A imagem pessoal de Juan Carlos já está abalada há anos, antes mesmo de sua abdicação. Em 2012, o rei emérito viajou junto com sua ex-amante Corinna Larsena Botswana para um safári de luxo pago por um empresário saudita, em meio à crise econômica na Espanha. Após o episódio polêmico, houve o escândalo de corrupção que levou seu genro Iñaki Urdangarin à prisão.

Em resposta à carta desta segunda-feira, Felipe agradeceu seu pai por sua decisão, ressaltando “a importância histórica que o reinado dele representa” para a democracia espanhola.

Juan Carlos assumiu a coroa em novembro 1975 em plena transição democrática na Espanha após a morte do ditador Francisco Franco, que tinha imposto um regime totalitário no país por quase quatro décadas.

(Com Reuters)

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