Eduardo Davis.
Brasília, 2 fev (EFE).- Atingido por denúncias de corrupção, Mário Negromonte renunciou nesta quinta-feira à chefia do Ministério das Cidades e se transformou no sétimo membro do gabinete da presidente Dilma Rousseff a perder o cargo por acusações repercutidas na imprensa.
Negromonte, de 61 anos, estava no governo desde que Dilma assumiu o poder, em 1º de janeiro de 2011. A reputação do Ministério vinha se deteriorando desde o fim do ano passado, quando a imprensa divulgou suspeitas de irregularidades em projetos relacionados à organização da Copa do Mundo de 2014, a cargo da pasta.
Em novembro do ano passado, segundo reportagem do jornal ‘O Estado de S.Paulo’, Negromonte pressionou funcionários do ministério a fraudar um parecer técnico que recomendava um sistema de transporte mais caro para Cuiabá na Copa.
Em dezembro, o então ministro das Cidades chegou a ser interpelado sobre esses assuntos pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) do Senado. Ele garantiu que as denúncias publicadas estavam sob investigação e negou qualquer envolvimento pessoal nas irregularidades.
Na semana passada, foi a vez de o jornal ‘Folha de S.Paulo’ publicar uma nova denúncia. Segundo a reportagem, o ministro e dois assessores participaram de reuniões com uma empresa de informática interessada em uma proposta milionária de informatização do ministério.
Na carta de renúncia que entregou nesta quinta-feira, Negromonte, do PP, assegura que há uma ‘batalha na mídia’ contra ele e que as denúncias de irregularidades não comprovaram nada contra ele. Ele reiterou sua inocência e admitiu que já tinha perdido as ‘condições políticas necessárias’ para continuar no governo.
Segundo fontes políticas, Dilma já havia decidido destituir Negromonte, com quem teria conversado sobre o assunto na segunda-feira passada, antes de partir de viagem ao Caribe. A presidente chegou do Haiti nesta madrugada, e sua primeira atividade do dia foi uma reunião com Negromonte, quem lhe apresentou sua renúncia de forma ‘incondicional’.
Exceto Nelson Jobim, que foi afastado do Ministério da Defesa por expressar publicamente suas divergências com o governo, todos os ministros que perderam o cargo desde que Dilma tomou posse foram alvo de denúncias repercutidas na imprensa, que deram processos judiciais ainda em curso.
Salvo o ex-ministro do Turismo, Pedro Novais, e agora o próprio Negromonte, todos tinham atuado no alto escalão durante a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva.
O Palácio do Planalto, em nota oficial divulgada nesta quinta-feira, anunciou que o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP) assumirá a chefia do Ministério das Cidades.
Ribeiro, de 52 anos, é engenheiro especializado em administração de empresas e foi secretário do Meio Ambiente, de Recursos Hídricos e de Ciência e Tecnologia na Paraíba – seu estado natal -, com um perfil mais técnico do que político. EFE