Susan Rice admite erro sobre Bengasi, mas não convence
Embaixadora dos Estados Unidos na ONU explica que não teve a intenção de enganar americanos, mas senadores republicanos ainda querem respostas
Susan Rice, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, admitiu nesta terça-feira que a descrição que fez em setembro do atentado ao consulado americano em Bengasi, na Líbia, que deixou quatro funcionários mortos, foi incorreta. À época, ela afirmou que o ataque não era “organizado ou premeditado”, e sim resultado de uma manifestação “espontânea” contra o filme A Inocência dos Muçulmanos. Em reunião com três senadores republicanos no Capitólio, que criticaram a postura da embaixadora em diversas oportunidades após o incidente, Susan explicou que sua declaração foi baseada em informações da inteligência americana e que não teve a intenção de enganar a população dos EUA. Mesmo assim, ela não parece ter conseguido acalmar os ânimos dos parlamentares. Eles saíram da reunião ainda expressando seu descontentamento em relação a Susan – vista como a candidata favorita do presidente Barack Obama para substituir Hillary Clinton na função de secretária de Estado.
“As informações fornecidas pela inteligência americana e a avaliação inicial sobre a qual eles se basearam estavam incorretas em um aspecto fundamental: não houve protesto ou manifestação em Bengasi”, admitiu Susan. “Claro que gostaríamos de ter tido a informação correta poucos dias depois do atentado terrorista. Mas, como ocorre com frequência, a avaliação da inteligência evoluiu. Quero deixar claro que nem eu, nem ninguém na administração, teve como objetivo a enganar o povo americano “, acrescentou.
Para os senadores republicanos, porém, a embaixadora teve acesso a informações confidenciais sobre o ataque e tinha a obrigação de questionar as agências de inteligência antes de apresentar uma análise imprecisa. “Estamos bastante preocupados com muitas das respostas que recebemos e algumas que não conseguimos”, disse o senador John McCain, do Arizona, a jornalistas. O senador Lindsey Graham, da Carolina do Sul, completou: “Estou ainda mais preocupado do que antes”, um sentimento ecoado pela senadora Kelly Ayotte, de New Hampshire.
Defesa – Dias depois de ser reeleito, o presidente americano defendeu Susan Rice das críticas de que não seria “confiável” para qualquer cargo de segurança no governo, depois do ataque ao consulado. Para Obama, a embaixadora sempre representou os Estados Unidos e seus interesses, sendo uma profissional “qualificada e forte”. O presidente explicou que, na aparição em que comenta o episódio em Bengasi, Susan apenas fazia uma apresentação do que foi avaliado pela inteligência americana, a pedido da própria Casa Branca. “Ela fez o seu melhor, e não deve levar a culpa”, disse, acrescentando depois: “Se devem ir atrás de alguém, devem vir atrás de mim”. Obama também ressaltou a importância de que se entenda o que de fato ocorreu em Bengasi. Em meados de outubro, Hillary Clinton já havia assumido a responsabilidade pelas falhas de segurança que permitiram o ataque.