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Surgimento de grupos islamitas radicais gera dúvidas na Síria

Por Por Rana Moussaoui
14 Maio 2012, 13h24

O surgimento de facções islâmicas radicais, que reivindicaram violentos atentados nas últimas semanas, é uma consequência direta do aumento da violência na Síria, de acordo com especialistas que, no entanto, questionam se tais grupos agem por conta própria ou são manipulados pelo regime de Assad.

“A Al-Qaeda não está na Síria. Mas existem hoje algumas facções de jihadistas que optam pela mesma forma de agir” da rede extremista, explica Mathieu Guidère, especialista em mundo árabe e muçulmano.

“Sabemos que eles são sírios, estrangeiros, que são poucos e que, até o momento, ninguém os conhece, nem a Al-Qaeda, nem os rebeldes”, acrescenta.

Em 10 de maio, um duplo atentado deixou 55 mortos em Damasco. O regime e oposição culpam um ao outro pelo ataque, o mais sangrento desde o início da contestação popular, em março de 2011, que foi militarizada após meses de uma repressão implacável praticada pelo regime do presidente Bashar al-Assad.

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Um pequeno grupo desconhecido antes da revolta, a Frente Al-Nosra, reivindicou este e outros ataques anteriores.

À medida que a Síria mergulha no caos, “podemos esperar a proliferação de grupos radicais”, segundo Joshua Landis, especialista em Oriente Médio.

Seja qual for sua identidade, os autores desses ataques “utilizam a assinatura da Al-Qaeda. Atentados simultâneos, esta é a marca” da rede fundada por Osama bin Laden, ressalta Guidère, autor de vários livros sobre os extremistas.

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Esses ataques, especialmente violentos, lembram os que abalaram o Iraque e que foram reivindicados pela Al-Qaeda e seus seguidores.

Na ausência de provas, Guidère lança duas hipóteses. “Ou se trata de pequenos grupos que, como os shebabs da Somália (insurgentes islamitas integrados a Al-Qaeda), que querem ser reconhecidos para obter o selo da Al-Qaeda”, ou “numa segunda hipótese, a mais crível, estes grupos realizam ou alguém os faz realizar atentados para que a opinião pública os confunda com a Al-Qaeda”, afirma.

O serviço secreto sírio tem sido frequentemente acusado de manipular e “exportar” jihadistas para desestabilizar os vizinhos Iraque e Líbano.

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De acordo com especialistas, esta confusão é vantajosa para o regime.

“Esta ambiguidade beneficia apenas a política de atribuição da rebelião a terroristas, adotada pelo regime há mais de um ano”, diz Guidère.

O poder se apresenta como vítima de um complô da Al-Qaeda, apoiada pelo ocidente, para justificar sua repressão contra a revolta.

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Estes atentados seriam para o regime uma forma de “criar uma imagem de seus inimigos e (…) alimentar as dúvidas ocidentais quanto à interferência em um conflito tão caótico”, aponta o Internacional Crisis Group.

“Bashar al-Assad disse: ‘Se desafiarem o meu poder, será o caos’. Esta profecia parece se concretizar”, afirma Salman Shaikh, diretor do Centro Brookings, em Doha. “Foi o regime quem criou este clima de instabilidade ao adotar uma solução baseada na segurança” contra a oposição.

Segundo ele, o “grau de sofisticação” dos ataques mostra, entre outras coisas, que um pequeno grupo como a Frente Al-Nosra não pode agir sem a ajuda de “forças profissionais”, devido à dificuldade de manipular toneladas de explosivos utilizados no ataques recentes.

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Os rebeldes, em sua maioria dissidentes, possuem apenas armas leves, levadas quando desertaram, e acusam Damasco de criar grupos para “sabotar” sua ação.

“Este tipo de ataque não pode beneficiar os rebeldes, que não têm interesse algum em se aproximar da Al-Qaeda”, acredita Guidère

Na verdade, quando o chefe da rede, Auman al-Zawahiri, expressou seu apoio à revolta, rejeitou qualquer interferência.

Além disso, para os analistas, a corrente encarnada pela Irmandade Muçulmana da Síria não tem nada a ver com a militância da Al-Qaeda.

“Os dois são como água e óleo, não se misturam”, assegura Shaikh.

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