Budapeste, 18 jul (EFE).- A Procuradoria Geral da Hungria ordenou nesta quarta-feira a detenção de Lászlo Csatáry, suposto criminoso de guerra procurado por enviar 15 mil judeus aos campos de extermínio nazistas e agora acusado de tortura.
A detenção de Csatáry, de 96 anos, foi realizada após intensos pedidos e pressão internacional depois que o tabloide britânico ‘The Sun’ publicou, no domingo, fotos do suposto criminoso perto de sua residência.
A Procuradoria, após anunciar a detenção, rejeitou as críticas pela demora e afirmou que, após confirmar em outubro de 2011 a identidade de Csatáry, iniciou uma investigação junto com Eslováquia, Israel e Canadá, que foi concluída nesta madrugada com a prisão do suspeito em sua residência.
O Centro Simon Wiesenthal de Jerusalém, encarregado de levar os criminosos de guerra à justiça, criticou a passividade das autoridades húngaras, reivindicando a detenção para evitar que Csatáry fugisse.
Tibor Ibolya, Procurador-Geral de Budapeste, disse que as declarações e as fotos do jornal ‘colocaram em risco toda a investigação’, ao alertar ao criminoso que estava sendo observado.
Ibolya também explicou que a Procuradoria teve que conseguir e analisar documentos de outros países antes de poder acusar Csatáry de forma fundamentada. O Centro Simon Wiesenthal o considera responsável pela morte de 15 mil judeus.
A Procuradoria não o acusou por crimes de guerra, mas sim por tortura, crime pelo qual pode ser condenado à prisão perpétua.
O fiscal indicou que Csatáry, responsável pelas deportações, ‘se negou a abrir buracos de ventilação nos vagões (de transporte)’ que conduziram os judeus a campos de extermínio, e afirmou que ‘ele mesmo feriu pessoas fisicamente’.
Por enquanto, o nazista aguardará o julgamento em prisão domiciliar. O réu negou as acusações e disse que se limitou a cumprir ordens. É esperado que nas próximas semanas o estado mental e físico de Csatáry sejam avaliados.
Em outubro de 1944, um golpe de Estado levou o partido nazista ‘Cruz Flechada’ ao poder na Hungria, e este serviu incondicionalmente os interesses do regime de Adolf Hitler. Cerca de 450 mil judeus húngaros foram assassinados desde 1944 em diversos campos de extermínio.
No mesmo ano, Csatáry foi supostamente um dos homens que dirigiam um acampamento nazista em Kosice, na atual Eslováquia. Depois da guerra, foi condenado à morte pelas autoridades da então Tchecoslováquia, mas fugiu para o Canadá, país do qual saiu em 1997 quando perdeu sua cidadania após as autoridades descobrirem que ele escondia sua verdadeira identidade.
Após deixar o Canadá, Csatáry, que se instalou na Hungria, nunca mais havia sido visto, apesar de viver com sua identidade real. EFE