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‘Super Putin’: presidente russo vira herói em exposição

Museu em Moscou apresenta o líder do país como Papai Noel, esportista, amante dos animais e um defensor implacável do terrorismo

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 fev 2018, 12h09 - Publicado em 10 dez 2017, 10h47

De Moscou – Basta uma breve caminhada por Moscou para perceber o quanto a Rússia valoriza sua cultura. Em poucos minutos, o poeta Vladimir Maiakovski (1893-1930) surge à minha frente em forma de gravura no metrô e depois em uma enorme estátua em uma praça. Doistoiévski, Tolstói, Kandinsky e tantos outros também estão bem vivos pelas ruas. As livrarias estão cheias e os grandes museus, como o Hermitage, em São Petersburgo, e o Kremlin, na capital, atraem milhares de visitantes até mesmo no rigoroso inverno. Os russos também têm um gosto artístico próprio, com espaço para bizarrices como o mausoléu de Vladimir Lenin – o corpo do líder comunista morto em 1924 está exposto, embalsamado, com aparência intacta, e é um dos “pontos turísticos” mais visitados do mundo. Nesta semana, uma nova exposição insólita estreou em Moscou: Super Putin, uma exaltação ao presidente Vladimir Putin, que recentemente anunciou que disputará a reeleição.

Putin não é uma unanimidade, especialmente entre os jovens das grandes cidades, mas tem mais de 80% de aprovação segundo as últimas pesquisas e preserva uma imagem de líder popular, protetor dos idosos, amante dos animais, homem religioso. E, sobretudo, um defensor implacável contra as ameaças ao povo russo. Todas estas facetas estão representadas, com bastante escracho, em 23 obras expostas no Umam (Utra ModernArt Museum), um pequeno museu montado em uma fábrica desativada. A entrada custa 350 rublos (cerca de 19 reais) e, se não impressionam por sua qualidade, ao menos os coloridos quadros, quadrinhos e esculturas fazem rir.

Exposição Super Putin, em Moscou
Visitante observa quadro de ‘Super Putin’ (Luiz Castro/VEJA.com)

Logo na entrada, Putin é apresentado como Ded Moroz (Pai Geada), o Papai Noel russo. O presidente é um fervoroso seguidor da Igreja Ortodoxa, que adota o calendário juliano e celebra o Natal em janeiro. Sua aptidão para Papai Noel é exibida anualmente no programa de TV Linha Direta com o Presidente, no qual moradores de diversas partes da Rússia fazem pedidos e reclamações a Putin. Certa vez, uma criança pediu um cachorro e teve seu sonho realizado pelo líder. A exposição também destaca o gosto de Putin por esportes – num quadro aparece o presidente-judoca dando um ippon no adversário e em outro jogando hóquei no gelo – e por animais, como cavalos e um tigre siberiano resgatado por ele há alguns anos.

A obra mais debochada é um quadrinho que mostra Putin deixando uma reunião no Kremlin para desativar uma bomba e salvar a população de um ataque terrorista no metrô. “Está tudo bem, podemos voltar à reunião”, diz o super-herói. A idealizadora da exposição, Yulia Diusheva, segundo os atendentes da exposição, é filiada ao partido de Putin, Rússia Unida, e sonha em trilhar uma carreira política ao lado do ídolo. E que nada ali é ironia: para ela, Putin é realmente um herói. O presidente não compareceu à exposição até o momento, mas foi representado por alguns colegas de partido no dia da abertura. Os funcionários do museu garantem que Putin não fez qualquer contribuição financeira à exposição, que permanecerá no local até 15 de janeiro.

Em Sochi, nostalgia soviética

Brinquedos dos tempos da URSS (Luiz Felipe Castro/VEJA.com)

A política também está representada, desta vez de forma mais imparcial, em um pequeno museu em Sochi, cidade litorânea do sul da Rússia, que receberá a seleção brasileira durante a Copa do Mundo. Bem próximo ao Parque Olímpico dos Jogos de Inverno de 2014, uma pequena casa oferece uma volta ao passado: por 250 rublos (13 reais) os visitantes podem relembrar como eram os produtos, brinquedos, roupas e até as escolas durante os tempos da União Soviética.

A exposição não faz uma exaltação clara ao regime comunista, mas provoca nostalgia nos visitantes russos, que se divertem com quinquilharias de infância. Há até um espaço dedicado às bebidas, com chás, licores e vodcas de até quatro décadas atrás. A maioria das máquinas, como os aparelhos de som da década de 80, seguem funcionando. O esporte é bastante representado em jogos semelhantes ao pebolim (ou totó ou Fla X Flu, dependendo da região do Brasil), tanto de futebol quanto de hóquei no gelo, a outra paixão nacional. Confira fotos da exposição da URSS:

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