Sumiço de vice-presidente levanta boatos sobre sua saúde
Visto em 1º de setembro, Xi Jinping, provável sucessor de Hu Jintao, cancelou compromissos com autoridades internacionais. Governo não se pronuncia
Em meio aos preparativos para a próxima cúpula do Partido Comunista chinês – reunião que acontece em média a cada dez anos e que renova a direção da legenda -, o provável sucessor do presidente da China, Hu Jintao, o vice-presidente Xi Jinping, não faz aparições públicas há dez dias, situação que levantou especulações entre a imprensa e a população.
O jornal The New York Times destacou que ele cancelou um encontro com a premiê dinamarquesa, Helle Thorning-Schmidt, nesta segunda-feira, além de ter desmarcado reuniões com a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, que estava visitando a região na última semana, e com o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong.
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Sem explicações – Após tentar negar o encontro com a chefe de governo da Dinamarca, autoridades chinesas, que convidaram jornalistas para presenciar a reunião na semana passada, disseram ter dito “tudo que havia a dizer” aos meios de imprensa. Seguiram-se questões insistentes sobre a saúde de Jinping.
Para o professor de ciências políticas da Universidade da Cidade de Hong Kong, Joseph Y. S. Cheng, “o estado age contra seus próprios interesses” ao manter segredo. “Eles deveriam divulgar um pronunciamento claro”, concluiu, em entrevista ao The New York Times.
Um jornalista chinês, que não quis ser identificado, explicou ao mesmo jornal que “estão sendo espalhados todos os tipos de boatos malucos sobre a saúde de Xi”, mas “ninguém do governo diz nada”.
Segundo o diário, a tradição de manter segredos do sistema político chinês se torna cada vez mais anacrônica, ” à medida que o país se consolida como uma das maiores potências econômicas, políticas e militares do mundo”.
Falta de transparência – O Financial Times, por sua vez, publicou hoje que, “a situação expõe a opacidade e a falta de um mecanismo institucionalizado de transferência de poder no sistema político autoritário, de partido único, adotado pela China”.
David Zweig, professor especializado em política chinesa na Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong, destacou, em entrevista ao jornal britânico, que “talvez ele tenha alguns problemas de saúde” e que “as autoridades não queiram permitir que o público saiba a respeito disso, porque sentem que é importante apresentar a imagem de um líder forte e saudável comandando a China em direção ao futuro”.
Rumores – Os boatos apontam que Jinping poderia ter machucado suas costas nadando ou jogando futebol ou que teria ficado ferido após um acidente de carro causado por aliados de Bo Xilai, que tentavam se vingar dele – alternativa que mais tarde foi negada. Diz-se também que o chinês teria sofrido um ataque cardíaco.
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O Sina Weibo, espécie de Twitter chinês, censurou o termo “lesão nas costas”. A censura de termos que não agradam ao governo chinês é comum. Durante o julgamento de Gu Kailai, o termo ‘sósia’ foi proibido após internautas levantarem a hipótese de que ela teria sido substituída por alguma pessoa parecida.