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Sul-africano é condenado por matar e congelar brasileira em freezer

Johan Oswald Schmid aguarda na prisão a definição de sua pena; mãe da vítima luta na Justiça pela guarda do neto

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 set 2019, 18h56 - Publicado em 16 set 2019, 18h28

O engenheiro sul-africano Johan Oswald Schmid, de 48 anos, foi considerado culpado nesta segunda-feira, 16, pelo assassinato da sua mulher, a brasileira Valéria de Almeida Franco, em fevereiro de 2018. Após cometer o crime, Schmid manteve o corpo nu de Valéria escondido em um freezer por mais de 10 dias.

O assassinato aconteceu na casa do casal em Margate, na costa leste da África do Sul, onde moravam juntos desde o final de 2013. Segundo a família da vítima, Valéria foi morta na frente do filho, Johann Oswald Franco Schmid, que na época tinha quatro anos de idade.

O sul-africano confessou ter estrangulado Valéria até a morte com as próprias mãos durante uma discussão do casal. Ele afirma, porém, que a mulher o ameaçara com uma faca, por isso teria reagido com violência. A faca nunca foi encontrada pelos investigadores do caso.

Schmid foi considerado culpado pelo Tribunal Regional de Port Shepstone por homicídio culposo comum, ou seja, assassinato não premeditado. O juiz responsável pelo caso considerou verossímil a versão apresentada pelo réu de que suas ações teriam sido consequências das ameaças sofridas.

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A mãe de Valéria, Silvana Almeida, nega o relato de Schmid e afirma que sua filha nunca apresentou comportamento violento. Ao contrário, fora vítima de agressões do marido quando ambos viviam juntos no Rio de Janeiro.

Schmid agora aguarda a definição de sua pena, que deve ser anunciada em uma audiência do mesmo Tribunal no dia 28 de outubro. Segundo Emile Myburgh, advogado de Silvana Almeida na África do Sul, ele pode pegar até 15 anos de prisão pelo crime de homicídio culposo.

“A favor dele pesam os fatos de ser réu primário e de que o juiz acatou sua versão de que a Valéria usou uma faca para ameaçá-lo, mesmo não havendo prova nenhuma disso”, afirmou Myburgh a VEJA. “Contra ele há os fatos de já ter apresentado comportamento violento contra ela antes do crime e a percepção de que não mostrou nenhum arrependimento pelo que fez até agora”.

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O crime

O assassinato aconteceu em fevereiro de 2018. Após matar Valéria, Johan Oswald Schmid supostamente escondeu seu corpo em um armário, enrolado em um edredom. Depois de quatro dias, ao perceber que o cadáver estava entrando em decomposição, comprou um freezer para oculta-lo.

Depois de quase 20 dias, o engenheiro decidiu confessar o crime e contratou uma advogada para defendê-lo. Antes de se entregar, deixou o filho aos cuidados da irmã, que mora em Johanesburgo.

A família de Valéria afirma que o filho do casal presenciou o assassinato, pois entrou no quarto no momento da briga entre os pais. O sul-africano nega que o menino tenha visto algo.

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Desde que confessou o crime, Schmid aguardava seu julgamento atrás das grades.

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Johan Oswald Schmid é condenado pelo Tribunal Regional de Port Shepstone, na África do Sul – 16/09/2019 (Emile Myburgh/Divulgação)

Valéria e Schmid se conheceram no Rio de Janeiro e namoraram por aproximadamente três anos antes do nascimento do filho. Romperam a relação várias vezes. O sul-africano é engenheiro, já foi casado antes de conhecer Valéria e tem uma filha. Ele trabalhou em uma multinacional no Brasil até a empresa fechar. Nesse momento, decidiu voltar a seu país e levar Valéria e o filho.

Natural do Rio de Janeiro, Valéria trabalhava atuou como auxiliar de produção e babá. Depois de começar seu relacionamento com Schmid, parou de trabalhar. A mãe de Valéria contou a VEJA que, durante os anos de namoro no Brasil, Schmid já demostrava comportamento violento e controlador. Silvana relata ter recebido diversas ligações da filha pedindo ajuda durante as discussões do casal.

Quando descobriu que a brasileira estava grávida, Schmid insistiu que ela abortasse e terminou o namoro. Ele a expulsou de casa com violência e jogou suas coisas na rua. Valéria fez uma denúncia contra o namorado na polícia, que acabou se transformando em uma medida protetiva para impedir que ele se aproximasse.

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Porém, quando a brasileira estava no sétimo mês de gravidez, Schmid descobriu que ela estava esperando um menino e se retratou. Os dois voltaram a se relacionar. Ambos se mudaram oficialmente para a África do Sul em novembro de 2013. Em Margate, os dois se casaram, tinham casa e trabalhavam em sua própria empresa de jardinagem.

Luta pela guarda

Após a morte de Valéria, Silvana entrou com um processo na Justiça sul-africana para solicitar a guarda do neto Johann. As audiências sobre o caso estavam suspensas desde 2018, à espera da decisão sobre a condenação de Schmid. Agora, a briga judicial entre Silvana e a irmã de Schmid devem ser retomadas.

Depois da primeira audiência na Corte de Crianças de Johanesburgo, as duas partes concordaram em manter o contato semanal de Silvana com o neto. Segundo o advogado Emile Myburgh, a tia de Johann atualmente dificulta o contato periódico do menino com a avó, contrariando as determinações judiciais.

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Johann se mudou com os pais para a África do Sul com apenas cinco meses. Segundo a avó, Valéria chegou a fazer visitas ao Rio de Janeiro desde então, trazendo o menino, e falava constantemente com a família por mensagens e ligações telefônicas. Valéria e a tia de seu filho nunca tiveram boas relações. Em uma carta enviada para a cunhada após uma discussão, a sul-africana chegou a desejar uma morte bem dolorosa e lenta para a brasileira, segundo Silvana.

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