Paris, 15 jun (EFE).- A campanha para o segundo e definitivo turno das eleições legislativas na França do próximo domingo termina nesta sexta-feira com os socialistas como favoritos e um último apelo por parte de seus rivais para que a população não dê a eles ‘um cheque em branco’ válido por cinco anos.
Uma das pesquisas divulgadas hoje, elaborada pelo instituto Ipsos, aponta que o Partido Socialista (PS) terá entre 284 e 313 deputados na próxima Assembleia Nacional, na qual a maioria absoluta é garantida com 289 assentos.
A margem é ligeiramente maior do que a prevista pela enquete do instituto OpinionWay, segundo a qual o PS terá, junto com seus aliados radicais, entre 295 e 330 cadeiras, o que representaria uma superioridade vantajosa para promover seu programa eleitoral.
Após a vitória socialista nas eleições presidenciais de abril e maio, ‘os franceses devem compreender que se a esquerda conquistar todos os poderes no domingo seria como entregar-lhes um cheque em branco válido por cinco anos’, advertiu hoje ao jornal ‘Le Figaro’ o secretário-geral da conservadora UMP, Jean-François Copé.
À meia-noite local (19h de Brasília) termina a chance dos candidatos tentarem convencer eleitores militantes e indecisos e, fazendo uso dessa margem, Copé ressaltou que essa hegemonia acabaria com o ‘baixo crescimento’ econômico conseguido ‘neste período de crise’ e significaria a volta da ‘frouxidão na luta contra a insegurança’.
Mas o fantasma da convivência entre um presidente de esquerda e um governo de direita, a julgar pelas enquetes, parece descartado se for cumprido o prognóstico de uma pesquisa do instituto BVA de que os conservadores e seus aliados se manterão em uma margem de 219 a 247 deputados. Confirmando-se as previsões, ‘jamais tantos deputados de esquerda’ terão ocupado a Assembleia Nacional, segundo o estudo.
A reta final da campanha esteve centrada, no entanto, em uma polêmica com ares de coluna social, depois que a primeira-dama, Valérie Trierweiler, apoiou pelo Twitter o candidato que enfrenta a ex-mulher do presidente François Hollande, Ségolène Royal.
A mensagem em favor de Olivier Falorni, enviada terça-feira, alimentou o debate público e fez com que os olhares se voltassem para a cidade de La Rochelle, onde as enquetes preveem que o socialista ganhará com 55% dos votos, dez pontos percentuais a mais do que seu rival.
Nas eleições, está em jogo também a manutenção, no governo, dos ministros que decidiram se apresentar ao pleito, já que o chefe de Governo, Jean-Marc Ayrault, avisou que aqueles que não consiguirem uma cadeira deverão abandonar seus cargos.
A hipotética entrada da ultradireitista Frente Nacional (FN) na câmara após 25 anos de ausência será outra incógnita deste fim de semana. Segundo as últimas pesquisas, a legenda deve conseguir de uma a cinco cadeiras.
Na FN, Marion Marechal-Le Pen, neta do fundador e sobrinha de seu atual presidente, desponta, aos 22 anos, como a mais bem situada na região de Vaucluse.
Não menos relevante continua sendo a margem de abstenções, nessa que é a quarta ocasião em que os franceses são chamados às urnas em um mês.
No primeiro turno das legislativas houve uma abstenção de mais de 42,77%, superior aos 39,6% que não foram às urnas na mesma fase das eleições parlamentares de 2007. EFE