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Sobrevivente de “anjo da morte” do nazismo morre aos 85 anos

Eva Kor e sua irmã gêmea, Miriam, foram alvos dos experimentos do médico Josef Mengele na busca pela "raça pura" almejada por Hitler

Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2020, 19h43 - Publicado em 5 jul 2019, 16h12

Sobrevivente do campo de extermínio nazista de Auschwitz, a romena Eva Mozes Kor morreu aos 85 anos em Cracóvia, na Polônia. Ela foi uma das vítimas dos experimentos desumanos do médico alemão Josef Mengele, conhecido como o “anjo da morte” de Adolf Hitler.

Nascida na Romênia, Eva Kor fundou o Candles Holocaust Museum and Education Center, nos Estados Unidos, dedicado à recordação e reconciliação das vítimas do Holocausto.

“Estamos profundamente entristecidos de anunciar a morte de Eva Kor, sobrevivente do Holocausto, advogada do perdão e fundadora do Candles Holocaust Museum and Education Centre”, afirmou a instituição no Twitter.

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O principal rabino da Polônia, palco dos horrores vividos por Kor, também enviou suas condolências. “Parte meu coração anunciar que Eva Kor faleceu e será enterrada nos Estados Unidos”, declarou Michael Schudrich.

A polonesa faleceu durante a viagem anual organizada pelo museu de Auschwitz, que incluía uma visita ao campo de concentração.

“Há apenas cinco dias, gravamos o depoimento de Eva Kor, sobrevivente de Auschwitz, para a conta @AuschwitzMuseum Archive. Hoje soubemos que ela faleceu”, lamentou a instituição histórica em suas redes sociais.

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Kor participou ativamente dos testemunhos contra os agentes do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. Em 2015, ela compareceu ao julgamento de Oskar Groning, ex-tesoureiro do campo de extermínio, acusado de “cumplicidade” no envio de 300.000 judeus às câmaras de gás entre maio e julho de 1944.

Durante o processo, a romena descreveu o tempo que passou no local, onde viu desaparecer na rampa para as câmaras de gás, “em 40 minutos”, seus pais e as irmãs de 12 e 14 anos.

Ela também recordou os experimentos aterrorizantes do célebre doutor Josef Mengele, especialmente com gêmeos, objetos de fascínio do médico.

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Com apenas 10 anos, Eva e sua irmã gêmea Miriam foram submetida a injeções do “anjo da morte” com uma substância para deter o crescimento de seus rins.

“Se eu tivesse falecido, Miriam seria morta com uma injeção no coração. Mengele teria feito uma autópsia comparativa”, explicou, detalhando os planos do agente alemão.

Em sua busca pela “raça pura” almejada por Hitler, Mengele executava uma série de experimentos em suas cobaias humanas, para determinar quais características humanas poderiam ser modificadas. Em uma de suas maldades mais tradicionais, o médico injetava tinta nos olhos de gêmeos, suas vítimas favoritas, para tentar alterar a pigmentação da íris.

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Muitos sofriam uma infecção imediata, outros ficavam cegos, e quando as “cobaias” já não lhe eram mais úteis, Mengele as matava, arrancava os olhos e os expunha na parede de sua sala no campo de concentração polonês. 

Pós-guerra

As irmãs Kor escaparam da morte em 27 de janeiro de 1945, quando os internos remanescentes do campo foram libertados por soldados russos.

Depois de deixar Auschwitz, Eva morou primeiro em Israel e depois se mudou para a cidade de Terre Haute, no estado americano de Indiana, onde fundou em 1995 o museu Candles sobre o Holocausto.

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Josef Mengele morreu afogado em Bertioga, no litoral paulista, em 1979. Ele foi enterrado em Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo, sob o nome de um amigo alemão, Wolfgang Gerhard, com o cartão de identificação que usava desde 1971. 

Anos depois, em maio de 1985, a polícia europeia invadiu a casa de Hans Sedlmeier, um amigo de Mengele, e encontrou uma carta notificando o alemão sobre a morte do médico nazista. 

As autoridades da Alemanha notificaram a polícia em São Paulo e, sob interrogatório, o amigo do “anjo da morte” revelou a localização do túmulo. Os restos foram exumados em 6 de junho de 1985 e a identidade do doutor foi confirmada semanas depois.

Com a recusa de membros da família de Mengele para a repatriação do corpo para a Alemanha, os ossos do médico permanecem armazenados no Instituto Médico Legal paulista e são utilizados como objeto de estudo de medicina forense da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). 

Auschwitz-Birkenau, o maior campo de concentração, trabalho forçado e extermínio construído pela Alemanha nazista na Polônia ocupada, foi cenário da morte de 1,1 milhão de pessoas entre 1940 e 1945, em sua grande maioria judeus.

(Com AFP)

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