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Snowden pede asilo ao governo russo, diz funcionário consular

Presidente Vladimir Putin afirma que ex-técnico da CIA só pode permanecer no país se deixar de divulgar informações que "prejudiquem" os EUA

Por Da Redação
1 jul 2013, 17h59

Edward Snowden, o ex-técnico da CIA acusado de espionagem pelos Estados Unidos por ter vazado informações sobre programas secretos do governo americano, apresentou pedido de asilo ao governo russo. A informação foi dada por Kim Shevchenko, funcionário do Ministério das Relações Exteriores no aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou. Ele afirmou que o pedido foi entregue no final da noite de domingo, por Sarah Harrison, funcionária da equipe jurídica do WikiLeaks que estaria atuando como representante de Snowden. O Serviço Federal de Imigração da Rússia, no entanto, negou a informação sobre o recebimento da solicitação.

Em uma entrevista coletiva em Moscou, o presidente Vladimir Putin havia dito que o americano não receberia asilo político, a menos que parasse de divulgar documentos secretos que afetam os interesses dos EUA. “Se ele quer continuar aqui, então há uma condição: ele deve parar com suas atividades que têm como objetivo prejudicar nossos parceiros americanos, não importa o quão estranho isso possa parecer saindo da minha boca”.

“Mas como ele se vê como um ativista dos direitos humanos e um defensor da liberdade, aparentemente ele não tem intenção de parar com esse trabalho”, acrescentou Putin. “Sendo assim, ele deve escolher um país para onde ir. Quando isso vai acontecer, eu infelizmente não sei”.

A Casa Branca ainda não se manifestou sobre as últimas informações, mas o presidente Barack Obama afirmou mais cedo que Washington e Moscou tiveram discussões “de alto nível” a respeito de Snowden. “Nós não temos um acordo de extradição com a Rússia. Por outro lado, o senhor Snowden, eu entendo, viajou para lá sem um passaporte válido. E temos confiança que o governo russo tome decisões baseadas nos procedimentos normais em relação a viagens internacionais”. O chefe do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrouchev, disse a uma rede de televisão local que os governos dos dois países encarregaram os chefes de suas respectivas polícias federais (FSB e FBI) a “manter contato permanente e encontrar uma solução” para o caso de Snowden. Os Estados Unidos querem que Snowden volte ao território americano para ser julgado.

Há oito dias o ex-técnico da CIA chegou ao aeroporto vindo de Hong Kong – para onde fugiu em meados de maio, antes da divulgação das informações sobre os programas do governo pela imprensa. De lá, ele deveria seguir para a América Latina, passando por Havana e talvez Caracas antes de chegar a Quito. No entanto, seu passaporte americano foi cancelado e ele ficou impossibilitado de sair do aeroporto.

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Snowden foi acusado de espionagem, furto e apropriação indevida de propriedade do governo depois de ter admitido o vazamento de informações sobre programas secretos. Suas revelações mostraram que a administração Obama mantém ou tem a capacidade de manter cada cidadão americano sob constante vigilância. O caso aumentou a desconfiança em relação ao governo de Barack Obama, que já vinha sendo atingido por denúncias de perseguição à imprensa e a grupos conservadores.

Em uma carta ao presidente do Equador, Rafael Correa, o americano diz que os Estados Unidos o perseguem de forma ilegal por revelar informações que são de interesse público. Ele também agradeceu o governo por ajudá-lo a chegar à Rússia e por analisar seu pedido de asilo. “Eu continuo livre para publicar informações que atendem ao interesse público”, diz o texto sem data, escrito em espanhol, segundo a agência Reuters.

O Wikileaks também divulgou um comunicado nesta segunda no qual Snowden acusa a administração Obama de pressionar outros países a não lhe conceder asilo. “Apesar de eu não ter sido condenado por nada, [o governo] unilateralmente cancelou meu passaporte, me tornando um apátrida. Sem nenhuma ordem judicial, a administração agora tenta me impedir de exercer o direito básico de buscar asilo”.

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Bush – Em entrevista à rede americana CNN, o ex-presidente George W. Bush defendeu os programas de vigilância do país e afirmou que Snowden “prejudicou a segurança” dos Estados Unidos. O governo democrata defende os programas de vigilância como uma ferramenta necessária para evitar ameaças terroristas. “Eu acho que é preciso ter um equilíbrio”, disse Bush, ecoando a tese usada por membros da equipe de Obama e pelo próprio presidente para justificar a coleta de dados de milhões de usuários de linhas telefônicas e empresas de internet.

“Eu coloquei aquele programa em funcionamento para proteger o país. Uma das certezas era que as liberdades civis eram garantidas”, acrescentou o republicano, que já tinha em seu governo programas semelhantes, muito criticados pelo então senador Obama. Mas o democrata não só manteve as táticas antiterrorismo que criticava como as ampliou.

Ao monitorar as ligações telefônicas de milhões de clientes da Verizon, ou os e-mails, vídeos, fotos, arquivos, conversas on-line de usuários de nove gigantes da internet, o governo americano não está cometendo nenhuma ilegalidade. Os programas são secretos, mas têm ordem judicial e são supervisionados por comissões do Congresso. O problema está na magnitude das operações que bisbilhotam a vida de milhões de americanos e estrangeiros – e não apenas de suspeitos.

Denúncia – A advertência feita por Putin ao americano ocorre em um momento em que novas informações sobre os programas de vigilância são divulgadas. No fim de semana, a revista alemã Der Spiegel divulgou que a Agência de Segurança Nacional dos EUA grampeou órgãos da União Europeia e teve acesso a redes de computadores internas do bloco. Os Estados Unidos minimizaram a denúncia.

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(Com agência Reuters)

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