Snowden diz que Nova Zelândia mente sobre espionagem
Em artigo, o ex-analista de inteligência da NSA afirma que o premiê John Key tem enganado a população ao dizer que essa prática não ocorre no país
O ex-analista de inteligência da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos Edward Snowden, disse nesta segunda-feira que o primeiro-ministro da Nova Zelândia, John Key, tem mentido para a população ao dizer que o país não está envolvido em nenhuma prática de espionagem. Snowden declarou que fazia parte de sua rotina na NSA vasculhar as comunicações privadas de cidadãos neozelandeses. De acordo com ele, os dados eram obtidos por meio do Escritório de Segurança Governamental das Comunicações (GCSB, na sigla em inglês) do país.
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“Qualquer comunicado que a espionagem em massa não ocorre na Nova Zelândia, ou que as comunicações na internet não são interceptadas e monitoradas, ou que elas não passam intencionalmente e ativamente pelo controle do GCSB são categoricamente falsos”, escreveu Snowden, em um comunicado publicado no site The Intercept, do jornalista americano Glenn Greenwald. Após deixar o jornal The Guardian, onde publicou as primeiras denúncias feitas por Snowden, Greenwald criou o portal para denunciar os abusos cometidos contra os direitos civis ao redor do mundo.
Tanto Greenwald quanto Snowden participaram de um evento sobre o mundo digital organizado na Nova Zelândia, nesta segunda. As primeiras acusações contra o serviço de espionagem do país foram feitas justamente durante o discurso de ambos. Assim como o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que também foi convidado a ingressar no debate, Snowden conversou com o público por meio de uma videoconferência.
Sem se referir ao evento, o primeiro-ministro neozelandês havia emitido uma nota dizendo que as informações que circulam sobre a agência de espionagem do país são incorretas. “As alegações feitas esta noite estão erradas porque são baseadas em informações incompletas”, afirmou John Key. “O GCSB não opera uma coleta maciça de metadados provenientes de cidadãos neozelandeses, portanto, está claro que o órgão não colabora com ninguém enviando dados” acrescentou.
O premiê também publicou arquivos secretos para corroborar a sua argumentação. Aproximadamente 1.000 pessoas compareceram ao evento que contou com a participação de Snowden. Após seu encerramento, o escritório de Key afirmou que o primeiro-ministro “não tinha mais comentários para fazer no momento”, reportou o jornal The Wall Street Journal.