‘Síria descumpriu acordo de paz’, diz Ban Ki-moon
Secretário-geral da ONU quer aumentar missão de observadores para 300
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse ao Conselho de Segurança da organização que a Síria não cumpriu o plano de paz do enviado internacional Kofi Annan, que previa a retirada de tropas e tanques das ruas, informou nesta quinta-feira a rede britânica BBC. Também nesta quinta-feira, a ONU e a Síria assinaram um acordo em Damasco para enviar capacetes azuis para supervisionar o cessar-fogo no país.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março para protestar contra o regime de Bashar Assad, no poder há 11 anos.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram mais de 9.400 pessoas no país.
- • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.
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Em carta enviada ao Conselho, Ban afirma que, apesar de uma significativa diminuição da violência a partir do dia 12 de abril, data de início do cessar-fogo, houve uma escalada de ataques nos últimos dias. “O término da violência armada em todas as suas formas está, portanto, claramente incompleto”, disse.
Otimismo – Apesar da crise no país e da falta de compromisso de Damasco, Ban disse que há ‘chance de progresso’ na Síria. Para ele, é preciso que novos observadores – somando 300 no total – sejam enviados a dez áreas diferentes ao longo das próximas semanas. A equipe de seis observadores que chegou no domingo à Síria foi impedida de entrar em Homs, a cidade que concentra os maiores índices de morte.
O novo acordo entre Damasco e Nações Unidas prevê o envio de 300 observadores para ‘vigiar e consolidar o fim da violência de todas as partes e formas’ e aplicar o plano de seis pontos de Annan. “Esse acordo detalha as funções dos observadores no cumprimento de seu mandato na Síria e a tarefas e responsabilidades do governo sírio a respeito”, disse Ahmad Fawzi, porta-voz do enviado especial do secretário-geral da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan.
Contudo, Ban advertiu que é essencial que o ditador Bashar Assad cumpra a promessa de “cessar os movimentos de tropas para os centros urbanos, suspender o uso de armas pesadas contra locais povoados e iniciar a retirada das tropas em torno das cidades”. Seis dias após a instauração da trégua, diplomatas da ONU consideram que ainda não há condições para que os observadores façam o seu trabalho adequadamente.
Chancelaria – Já o governo sírio quer que o Brasil e outros países que considera ‘neutros’ façam parte da missão de observadores. Em visita a China, um dos principais aliados do regime de Bashar Assad, o ministro sírio de Relações Exteriores, Walid Moallem, disse que os observadores devem ser de países ‘neutros’, e citou os integrantes do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Nesta quinta, o Conselho de Segurança deve se reunir para discutir o relatório de Annan, mas só deve lançar uma nova resolução sobre o país na próxima semana. Enquanto isso, grupos de oposição também devem se reunir em Paris nesta quinta.
(Com agência France-Presse)