Síria admite que bombardeou a Turquia e pede desculpas
O regime de Assad garantiu à ONU que 'tais incidentes não ocorrerão de novo'
O governo da Síria admite que foi responsável pelo bombardeio que matou cinco civis na Turquia e pede desculpas formais pelo ocorrido, afirmou nesta quinta-feira o vice-primeiro-ministro turco, Besir Atalay. Ele disse também que a Síria garantiu à Organização das Nações Unidas (ONU) que “tal incidente não ocorrerá de novo”.
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A bomba, que atingiu o vilarejo turco de Akcakale, aumentou a tensão na fronteira entre os dois países. Uma casa foi destruída, causando a morte de mulheres e crianças e ferindo pelo menos 10 outras pessoas. O ataque levou o Parlamento da Turquia a aprovar uma lei que autoriza o Exército a realizar operações no território sírio. O vice-premiê afirmou que isso não equivale a uma declaração de guerra – é apenas uma forma de dissuasão.
Ação militar – A lei da Turquia dá ao governo o direito de enviar tropas e caças para atacar alvos na Síria quando achar necessário. Com a aprovação da medida no Parlamento por 320 votos a favor e 129 contra, está aberto o caminho para ação unilateral das Forças Armadas turcas, sem o envolvimento dos aliados ocidentais e árabes.
A violência na fronteira adiciona uma nova dimensão para a guerra civil na Síria, arrastando outros países para o conflito. Os líderes turcos estão cientes dos riscos de uma intervenção aberta, especialmente sem o apoio de uma coalizão internacional. Enquanto isso, observadores não acreditam que os Estados Unidos possam agir antes das eleições do mês que vem.
O Exército Livre Sírio (ELS) se mostrou disposto a colaborar com a Turquia em uma eventual intervenção militar na Síria. “Esperamos que qualquer intervenção seja coordenada conosco. Acho que farão assim”, disse o “número dois” do ELS, Malek Kurdi, que, no entanto, destacou que uma eventual ação deveria ocorrer com o aval da comunidade internacional.
Diplomacia – O premiê turco Recep Tayyip Erdogan cultivava boas relações com o presidente sírio, mas se tornou um crítico severo do seu regime após a revolta popular na Síria que começou no ano passado, acusando Assad de criar um “estado terrorista”. O premiê turco tem permitido que os rebeldes sírios se organizem na Turquia e pressionou por uma zona de segurança protegida por forças internacionais dentro da Síria.
A Turquia também está abrigando mais de 90.000 refugiados da Síria e teme uma entrada em massa semelhante ao êxodo de meio milhão de curdos iraquianos para o país após a Guerra do Golfo, em 1991. A tensão entre os dois países começou a ferver quando a Síria derrubou um avião turco em junho.
(Com agências Estado e EFE)