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Senadores dos EUA a Mourão: “Bolsonaro é realmente democrata?”

Em encontro com quatro congressistas, em Washington, vice-presidente diz haver conversas informais entre militares brasileiros e venezuelanos

Por Da redação
Atualizado em 9 abr 2019, 22h28 - Publicado em 9 abr 2019, 15h57

Em encontro com senadores dos Estados Unidos nesta terça-feira, 9, o general Hamilton Mourão, foi constrangido a defender o presidente Jair Bolsonaro das dúvidas sobre seu compromisso com a democracia. Questionado pelo senador democrata Robert Menendez, do estado de Nova York, se Bolsonaro “é realmente um democrata”, o vice-presidente da República deu indicações positivas.

“Eu deixei claro que o presidente Bolsonaro é um homem que está pensando nas próximas gerações e não nas próximas eleições, que ele respeita totalmente nossa Constituição e as nossas instituições e o sistema que temos no Brasil”, disse Mourão.

Um grupo de congressistas democratas já enviou três cartas ao governo americano para alertá-lo dos riscos de Bolsonaro para os direitos humanos e democracia no país. A primeira foi endereçada ao Departamento de Estado ainda durante a campanha eleitoral brasileira. A mais recente, de março, foi enviada poucos dias antes da visita de Bolsonaro ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Mourão se reuniu por quinze minutos com os senadores democratas Robert Menendez e Tom Udall e os republicanos Jim Risch e Marco Rubio no Congresso americano. Depois que Udall e Rich saíram, o vice-presidente continuou sua conversa com Rubio e Menendez por mais quinze minutos. O assunto principal, segundo Mourão, foi a “troca de informações” sobre a situação da Venezuela.

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Os senadores queriam saber se está em andamento a interlocução de militares brasileiros com os venezuelanos em favor de uma solução para a crise política do país. Ou seja, sobre a retirada do apoio das Forças Armadas ao regime de Nicolás Maduro e a um processo de transição democrática. Este foi um apelo feito diretamente por Trump a Bolsonaro, em Washington.

“Eu disse a eles que o ministro da Defesa venezuelano tem algum tipo de contato com nosso ministro (general Fernando Azevêdo e Silva), e nós temos oficiais mais novos, tanto do Brasil como da Venezuela, que fizeram curso juntos nos últimos anos e que essa turma se comunica no canal informal”, relatou Mourão.

Senador pelo Estado da Flórida, Rubio é com frequência descrito por autoridades americanas como o embaixador informal dos Estados Unidos para a América Latina, por causa de sua influência na política externa de Donald Trump para a região.

O senador Marco Rubio: restauração democrática na Venezuela com ajuda dos ‘aliados do Brasil’ – 22/03/2018 (Chip Somodevilla/Getty Images)

O senador republicano esteve por trás da estratégia do governo americano – seguida por cerca de cinquenta países, incluindo o Brasil – de reconhecer o opositor ao regime chavista, Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela. Também defende uma política mais dura para forçar a saída de Nicolás Maduro.

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Ao deixar a reunião no Senado, ele confirmou que o assunto também foi tratado com o vice-presidente americano, Mike Pence. Na segunda-feira, após a reunião com Pence, Mourão negara ter conversado sobre o contato dos militares dos dois países sul-americanos.

Os Estados Unidos, sob a presidência de Trump e a articulação de Rubio, reiteram que “todas as opções estão sobre a mesa” quando o assunto é Venezuela. A estratégia americana é deixar no ar a ameaça de uma intervenção militar. Em visita ao país, Mourão rechaçou o apoio a qualquer tipo de intervenção na Venezuela e disse que não haveria ação militar dos países do Grupo de Lima e por parte dos Estados Unidos. Segundo o vice-presidente, o Brasil apoia a pressão econômica e diplomática.

“O assunto do dia aqui é Venezuela. Nós expressamos nossa posição, mantemos a pressão política e a pressão econômica e, óbvio, a questão das Forças Armadas venezuelanas terem de neutralizar as milícias e os colectivos (milícias) que existem lá”, afirmou Mourão.

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Mourão disse que Rubio não abordou nenhum tipo de opção sobre a Venezuela além da pressão econômica e diplomática. Segundo ele, nem Pence nem os parlamentares expressaram incômodo com a posição do Brasil – defendida pela ala militar do governo – de explicitar que não haverá intervenção.

“O Brasil expressa o tempo todo a posição de quem? Do Grupo de Lima. O Grupo de Lima expressa claramente que vamos manter a pressão política e econômica”, disse Mourão.

No Twitter, depois da reunião, Rubio afirmou que foi um “produtivo encontro” para “continuar a trabalhar com os aliados no Brasil para restaurar a democracia na Venezuela e assegurar os valores democráticos na América Latina”.

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Trigo por carne

Segundo Mourão, os senadores também mencionaram que é preciso “deixar de lado a retórica” quando o assunto é intensificar o comércio entre os dois países e destravar pautas como a importação de trigo americano pelo Brasil e a importação de carne bovina brasileira pelos Estados Unidos. O terceiro assunto, segundo o vice-presidente, foi a questão do uso da Base de Alcântara, tema de um acordo de salvaguardas tecnológicas assinado durante a visita de Bolsonaro a Washington.

Mourão também agradeceu a Rubio por ter escrito uma carta ao presidente Trump endossando a importância da candidatura do Brasil à Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Na visita de Bolsonaro a Trump, em março, os Estados Unidos atenderam ao pleito brasileiro e se comprometeram em apoiar a adesão do Brasil à organização. Em troca, o país aceitou abrir mão do status preferencial, como economia em desenvolvimento, na Organização Mundial do Comércio (OMC) e outros organismos e entidades internacionais.

Antes da visita de Bolsonaro aos Estados Unidos, Rubio escreveu um artigo publicado no site da CNN no qual defendeu a ideia de que o governo Trump apoiasse os pleitos do Brasil, como na OCDE, em troca de uma aliança estratégica com Bolsonaro.

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(Com Estadão Conteúdo)

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